Mirandela

Jorge Nozelos pediu a demissão de presidente da Associação Dona Flâmula de Torre de Dona Chama

Publicado por Fernando Pires em Qua, 2024-04-10 11:55

“Razões profissionais impedem-me de continuar à frente do projeto”. Foi desta forma que Jorge Nozelos confirmou ao Mensageiro o seu pedido de demissão de presidente da direção da Associação Dona Flâmula, para a defesa do património de Torre de Dona Chama, menos de cinco meses depois de ter tomado posse.
Apesar da nossa insistência, Jorge Nozelos não quis prestar mais declarações sobre esta tomada de posição.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral desta associação, Luís Guimarães, confirmou o pedido de demissão, que “foi aceite”, admitindo que tal decisão cria “um impasse complicado”.
Esta situação acontece a poucos dias da vila de Torre de Dona Chama receber as comemorações do concelho alusivas ao 42.º aniversário do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios promovidas pelo Município, junta de freguesia e pela Associação Dona Flâmula. As comemorações acontecem nos dias 20 e 21 de abril.
Luís Guimarães adianta que o próximo passo será convocar uma Assembleia para tentar encontrar um substituto de Jorge Nozelos, entre os restantes membros da direção, mas se isso não for conseguido a solução passará pela marcação de novas eleições. Até à resolução do problema, Jorge Nozelos mantém-se como presidente.
Recorde-se que a eleição dos novos corpos sociais da Associação Dona Flâmula, que aconteceram no mês de novembro, fechou um ciclo de trabalhos liderado por António Reimão, com destaque para as Jornadas sobre o Património e o Projeto “Tradições”, apoiado pela EDP, que possibilitou a inscrição da “Festa dos Caretos, dos Rapazes e de Santo Estêvão de Torre de Dona Chama” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
A nova direção pretendia acima de tudo que a investigação sobre o património material e imaterial de Torre de Dona Chama, “seja uma premissa do plano de atividades, destacando para tal a necessidade de associar a este coletivo, especialistas em matéria de história, arqueologia, etnografia e antropologia”, referiu, na altura, em comunicado a direção.
Em Setembro de 2022, as Festas dos Caretos, dos Rapazes e de Santo Estêvão de Torre de Dona Chama foram inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, segundo publicação em Diário da República.
O distrito de Bragança tem agora duas festas relacionadas com os tradicionais mascarados com o estatuto de património cultural nacional, depois do Entrudo Chocalheiro dos Caretos de Podence, em Macedo de Cavaleiros, que se tornaram, há quase três anos, Património Imaterial da Humanidade.
A decisão da Direção-Geral do Património Cultural relativa a Torre de Dona Chama foi publicada em Diário da República e destaca a “importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e a sua profundidade histórica e evidente relação com outras práticas inerentes à comunidade”.
As festividades, que ocorrem no Natal na vila do concelho de Mirandela fazem parte das chamadas festas de inverno do Nordeste Transmontano, também conhecidas como Festas dos Caretos, dos Rapazes e de Santo Estêvão, que se prolongam do Natal ao Carnaval.
O pedido do registo no inventário nacional das festas de Torre de Dona Chama foi feito precisamente pela Dona Flâmula.

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