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A Economia I - As indústrias locais a

Desde o fim do século XIX que havia veterinários na maioria dos concelhos. Destinavam-se estes a prover os agricultores de meios de combate às doenças animais mas, mais do que isso, a fazer a inspecção sanitária dos produtos de origem animal. Desde a II Grande Guerra que a sua presença se estendeu também ao controlo comercial dos produtos animais, através da Junta Nacional dos Produtos Pecuários. A este organismo, num contexto de guerra, cabia a contabilização dos recursos animais e suas categorias, a gestão da inspecção sanitária e, em grande medida, mais numas regiões do que noutras, a organização do transporte de animais, por via ferroviária, para os centros urbanos do litoral. A organização comercial local era em grande medida semelhante à de hoje: Os retalhistas compravam o gado aos produtores, por conhecimento pessoal, e por vezes ficavam nas suas explorações, quando o preço era baixo. Posteriormente iam comercializando a carne nos seus talhos, após passagem no matadouro. A indústria e transformação de carne de ruminantes era escassa, como hoje é, e resumia-se ao retalho.
Já no caso da carne de porco, as coisas eram muito diferentes, como vimos antes. Em todo o distrito de Bragança e Vila Real havia pequenas unidades de transformação de produtos para venda na região e sobretudo para envio para as grandes cidades litorais, do Norte ao Sul. A alheira e a linguiça eram os produtos mais conhecidos, muito embora muitos outros houvesse e também de excelência. A maior parte destes produtos era proveniente da região raiana, a Terra Fria Transmontana, precisamente por ser fria e permitir a produção de fumeiro por mais tempo. Até ao ano de 1906, enquanto o comboio só chegava a Mirandela, estes produtos eram transportados até esta estação e daqui expedidos, de onde deriva o nome de “alheira de Mirandela”. Nesta cidade vieram, por isso, a instalar-se diversas indústrias.
O fabrico do queijo era outra indústria artesanal de pequena dimensão. Eram quase sempre os produtores a transformar o leite e, portanto, a dispersão era grande. Isto inviabilizava a saída organizada de queijo em quantidade comercial, razão pela qual o queijo era pouco conhecido além fronteiras, como é o caso de queijos de outras regiões. O queijo produzido era basicamente de ovelha e de cabra, todo de raças chamadas autóctones. Era também uma indústria mais ligada ao tempo frio.
A serralharia estava sempre presente nas sedes de concelho, produziam todo o tipo de portas e janelas metálicas para anexos e também os utensílios mais frequentes nas casas transmontanas, os da lareira: tenaz, grelhas, espeto, corrente e estrafogueiro. Este era o apoio metálico situado na parte de trás do lar, onde os cavacos se apoiavam. Muitos utensílios da agricultura eram também aqui produzidos ou acabados: machadas, sachos, serras, gadanhas, foices e muita outra ferramenta. Outra vinha pelo comboio.
Não pode deixar de ser referida também a latoaria, onde se produziam equipamentos em lata, frequentemente volumétricos. A sua utilização era intensa, pelo que estas indústrias locais eram numerosas.

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