A opinião de ...

Feliz Natal (?!) Mas, feliz natal como e para quem

Em boa verdade, neste Natal de 2022, não há nada que justifique o envio da maior parte dos votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo, a maior parte dos quais através das redes sociais, com feitas, banais e sem sentido, cujo destino acaba por ser o caixote do lixo.
Esta espécie de volúpia irracional, só explicável pela vaidade de fazer “o que fica bem” e é “politicamente correto”, condiciona de tal forma o senso comum e a capacidade de raciocínio, que acaba por atirar muita gente para situações tão ridículas como evitáveis.
É por isto que, neste terrível ano de 2022, em que nada correu bem, e na certeza de que o próximo ano não será melhor, é oportuno questionar o porquê de tanta hipocrisia subjacente a muitos destes votos de Bom Natal e Feliz Ano Novo, da inoportunidade incompreensível de organizar tantas festinhas com chupa-chupas, luzinhas e balões para as crianças, esquecendo-se que festas não pagam as contas nem poem o pão nas mesas dos mais pobres e exigir dos responsáveis pela vida e pelo bem estar das comunidades que, dando primazia aos direitos e às necessidades das crianças, porque, quando algo corre mal, as crianças são sempre as primeiras e as mais sacrificadas, que tenham a lucidez e a coragem de fazer tudo o que for possível para minorar as suas atuais dificuldades e preparar respostas válidas para o que poderá vir a seguir, para que:
- As crianças não continuem a ser vítimas de crimes que não cometeram, às quais, sem se poderem defender, até o direito de nascer lhes é negado;
- As crianças de todas as “Ucrânias” da atualidade, para se protegerem dos horrores das guerras, não tenham de se sepultar vivas em abrigos sem as mínimas condições, onde são vítimas do frio, da fome e das doenças;
- As crianças vítimas da fome e das guerras, sem pátria e sem lar, deixem os caminhos áridos dos desertos que nunca chegam às terras da promissão;
- As crianças doentes e as mães que as acompanham, que no terror do autêntico inferno das urgências de muitos hospitais, banhadas em lágrimas, transidas de medo e a arder em febre, deixem de ser torturadas ao frio e à chuva, vagueando de hospital em hospital, procurando o serviço de pediatria que está fechado, ou dos cuidados de saúde que não existem;
- Acabem todas as “Jéssicas” do mundo rejeitadas e abandonadas à sua sorte, vítimas de sevícias, abusos e explorações de toda a natureza, a quem roubaram o direito de sorrir e ser felizes, o calor de um lar e o aconchego duma família, nas atuais circunstâncias, sim e só para estas crianças, votos sinceros de que um dia, possam ter o verdadeiro Natal a que, sem favores nem caridadezinhas de ninguém, todas elas têm o direito.

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3915

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