Paulo Cordeiro Salgado

Ainda e sempre, o Homem e a Natureza

Na badana esquerda do magnífico romance Admirável Mundo Novo (1932), escreveu Aldous Huxley: «Este livro é um apelo à consciência dos homens. É uma denúncia do perigo que ameaça a humanidade, se a tempo não fechar os ouvidos ao canto da sereia do falso progresso: anular-se na “fordização”1 ou, como o Selvagem, optar pelo suicídio». O falso progresso, o omnipresente consumismo, temperado por comportamentos pouco ou nada saudáveis – tudo em vias de conduzir o Homem e a Natureza ao seu fim. O fim do Planeta.


“Novos pobres, novas pobrezas”

São estas as palavras que me permito citar para servirem de título a esta crónica. Foram pronunciadas na homilia da eucaristia do domingo, dia 15 de agosto, por Senhor D. José Cordeiro, Bispo de Bragança e Miranda, a partir do santuário de Nossa Senhora da Assunção – no Cabeço, Vila Flor – envolvendo uma ideia-força sobre a qual pretendo fazer uma breve reflexão. Feliz designação esta de ‘Cabeço’, pois que, do alto, se vislumbra uma paisagem deslumbrante em 360 graus.


Lembrar e enaltecer

Estaremos num momento de viragem no que respeita à pandemia que assola o Planeta? E o nosso País? Os indicadores indiciam uma melhoria que não sabemos se é efetiva. As afirmações dos especialistas ora convergem, ora divergem, sobre os sinais de abrandamento. Entretanto e curiosamente, há países que vão iniciar o processo de administração da terceira dose…. Claro que muito países estão na gaveta fundeira da recuperação, dadas as grandes carências em dispositivos clínicos e em stocks de vacinas (em muitos países de África não têm sequer 10% de imunizados). Crónicas são as suas carências.


Visita II

“…Os que não conseguem lembrar o passado estão condenados a ter que o repetir” (George Santayana, 1863-1952 – poeta e filósofo espanhol).


Pandemia e Sísifo

Todos conhecemos, ou relembramos, ou lemos pela primeira vez, o que se passou com Sísifo: um personagem saborosamente criado pela mitologia grega que, provido de sabedoria suficiente para enganar a morte, por duas vezes o fez, e por ser de mau caráter (diziam os gregos e a tradição), foi forçado a ir para as profundezas do mundo subterrâneo, onde Hades (deus dos mortos) o acolheu. Ora, fora ele condenado a repetir eternamente a tarefa de empurrar uma pedra até ao topo de uma montanha.


As Crianças

Volver a África, fazendo-o sem saudosismo, sem angústias, sem contrição, antes com amor, compreensão, solidariedade – um imperativo emocional. Sem esquecer o meu rincão. Nasceu da vontade de regressar ao terreno onde houve guerra – uma guerra em que participei, que nunca compreendi, que aceitei por comodismo. A terra libertada foi meu objetivo de visita após a independência. Terra libertada? Com esta liberdade, feita de penúria, de conflitos, de desigualdades e de esquecimento dos desfavorecidos? Tornou-se uma espécie de sina.


Visita

Eis-me em Londres e, a seguir, Newcastle – obrigações de avós. Tivera eu a verve do nosso Eça e aventurar-me-ia a aprofundar alguns aspetos destas duas cidades; dominara eu a historiografia inglesa, e atrever-me-ia a escrever algumas crónicas. Usarei de temperança. Deixo apenas algumas notas que decorrem das visitas feitas ao Reino Unido.
Desde logo, em Londres, atualmente:


SARS-CoV-2 e Saúde Pública

Trago ao leitor três depoimentos acerca da experiência ‘vivida’ por pessoas concretas que contraírem o SARS-CoV-2 – cujos nomes, como compreendereis, não revelo. Curaram. Felizmente.
Vejamos:
1.ª Doente de 74 anos, do sexo masculino
“Inicialmente, fiquei em casa, pois a minha mulher já fora internada com este vírus; os meus filhos levavam-me a comida a casa; de seguida, fui internado e estive nos cuidados intensivos em coma induzido durante quinze dias.
Esta é uma doença do ‘desamparo’; houve momentos que pensei em deixar-me morrer”.


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