Mirandela

Autarca de Mirandela pede demissão do inspector-geral da ASAE

Publicado por Fernando Pires em Qua, 2019-02-27 18:14

“O que é que a ASAE tem contra Mirandela”? A pergunta é da presidente daquele Município que convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa, esta manhã, para manifestar a sua indignação com uma conduta que Júlia Rodrigues classifica de “irresponsável” da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, ao ter divulgado, no passado sábado, um comunicado a dar conta da apreensão de 12,5 toneladas de produtos cárneos e seus derivados, com um dos locais a ser identificado como uma indústria de enchidos.

A autarca socialista diz que se trata de uma comunicação leviana deixando no ar suspeitas sobre o setor da alheira. “Carne não tem nada a ver com enchidos e uma indústria de enchidos é uma fábrica que transforma produtos e não tem nada a ver com um local ilegal de produção onde foi feita a inspeção”, afirma Júlia Rodrigues.

“É uma comunicação irresponsável e não estamos a assegurar a saúde pública e a segurança alimentar criando focos de suspeita sobre produtos que nada têm a ver com os casos que são reportados, ou seja, na ânsia de comunicar tudo aquilo que faz, a ASAE acaba por criar situações de receio por parte dos consumidores quando o seu papel é proteger a saúde pública e prevenir situações irregulares”, adianta a autarca.

Neste tipo de situações, Júlia Rodrigues entende que a ASAE “devia encerrar o estabelecimento e não fazer disso um comunicado político, mas sim prestar informações técnicas fidedignas e com a qualidade e com os números adequados de quem presta um serviço público muito meritório mas também muito responsável”.

Coincidência temporal

A presidente do Município de Mirandela estranha que esta ação tenha sido divulgada a uma semana da feira da alheira. “Como eles dizem no comunicado que se tratou de uma investigação de vários meses, vêm só agora anunciar os casos, na altura em que estamos a divulgar uma feira que tem muito impacto para a região”, lamenta.

A edil recorda ainda outros dois episódios protagonizados pela ASAE que terão causado enormes prejuízos para a fileira. A poucos dias do Natal, aquela autoridade suspendeu a atividade das linhas de abate de bovinos e pequenos ruminantes do matadouro do Cachão. “Coincidiu logo numa altura em que há mais abates, causando milhões de euros de prejuízo e não compreendo porque razão a ASAE agiu sem nenhum parecer técnico de saúde alimentar ou veterinário, quando as obras no edifício, que já tem muitos anos, estavam agendadas para o mês seguinte”, afirma Júlia Rodrigues.

A autarca lembra ainda que, em 2015, um caso de botulismo alimentar que se confinou a uma empresa de Bragança causou danos colaterais assinaláveis no setor da alheira, devido a falhas na comunicação da operação da ASAE.

“É com indignação que vemos este comportamento irresponsável da ASAE que prejudica a imagem das nossas alheiras e do próprio concelho e por isso exigimos uma explicação do senhor inspetor-geral da ASAE, ao mesmo tempo que por condutas irresponsáveis que lesam a economia da região e do país que consideramos inadmissíveis, pedimos a sua demissão, uma vez que consideramos que esta autoridade deve proteger os consumidores e não criar alarmismos”, sustenta a autarca lembrando que está a prejudicar-se uma indústria que “representa um volume de negócios superior a 30 milhões de euros anuais, resultante das empresas produtoras, cozinhas regionais e lojas de vendas, que empregam cerca de 700 pessoas”, garante.

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