“Gostaria muito que Jorge Novo fosse eleito presidente da Assembleia Municipal”
A nova presidente da Câmara de Bragança, Isabel Ferreira, falou ao Mensageiro naquela que é a primeira grande entrevista da nova autarca brigantina, a primeira mulher a ocupar o cargo.
Nesta entrevista, aborda diversos temas, incluindo a configuração da Assembleia Municipal.
MB.: Falando na questão dos presentes de junta, que será um aspeto importante, por exemplo, na Assembleia Municipal, como é que acha que vai decorrer esta primeira sessão?
IF.: Espero que corresponda à vontade dos eleitores.
MB.: Acredita que Jorge Novo será eleito presidente da Assembleia Municipal?
IF.: Sem dúvida. Gostaria muito que assim acontecesse. Acho que é uma questão de justiça democrática e é uma questão ética, política e moral importante.
Mas, lá está. Temos leis que não estão ajustadas àquilo que é a questão ética e moral e política. Há várias. Mas pronto, é a lei, temos que a cumprir. E, inclusivamente, há várias leis que até afastam, penso eu, o mérito e a vinda de pessoas com mérito para a política.
Mas, voltando a este assunto, as pessoas votaram no Jorge Novo. Era a cara da lista à Assembleia Municipal. Provavelmente, a maior parte dos eleitores nem sabem quem são os outros elementos da lista. Conheceram os cabeças de lista e fizeram uma votação e, portanto, seguindo esse espírito democrático, a minha expectativa é que corra bem. Além disso, estou convicta de que o Jorge Novo, com a sua capacidade de trabalho e com a sua experiência, trará uma modernidade ao funcionamento do órgão, que também tem sido muito fechado. Os cidadãos não se interessam pelas reuniões da Assembleia Municipal. E o próprio papel da Assembleia Municipal, enquanto órgão fiscalizador e de monitorização da ação do Executivo, com toda a nobreza que tem, é muito importante.
MB.: Mas como é que ficará a relação com os Presidentes de Junta no caso de chumbarem essa solução?
IF.: Eu penso numa coisa de cada vez. Aquilo que eu posso dizer é que fico feliz pelo facto de os eleitores do concelho de Bragança serem tão esclarecidos, que souberam tão bem distinguir quem queriam para a Câmara Municipal e quem queriam para a Junta de Freguesia.
Acredito que enquanto presidente de Câmara eleita e os residentes de Junta eleitos também têm esse dever para com as pessoas, que disseram claramente que queriam esta presidente para a Câmara e estes presidentes para as Juntas. E é com base nesse espírito que devemos trabalhar. Da minha parte, estou disponível para trabalhar, para ajudar a concretizar os compromissos que eles tiveram para com as suas populações. E, portanto, a minha relação será sempre uma relação de confiança e de lealdade para com os eleitores.
MB.: Se pudesse escolher hoje, repetiria as mesmas listas?
IF.: As candidaturas nasceram num contexto muito difícil, com descrença no partido e sem juntas de freguesia. Eu também não tenho problemas nenhuns em dizer que uma coisa era às pessoas que eu gostaria e que tinha a certeza, ou pelo menos a convicção, de que seriam os melhores candidatos, outra coisa foi o que foi possível. Porque houve pessoas que não aceitaram, por vários motivos. Eu também fiz uma tentativa de ir buscar muita gente fora do espectro político ativo. E houve pessoas que estiveram disponíveis, houve pessoas que não, por razões profissionais, pessoais, e muitas também porque eu senti no início que não acreditavam ser possível.
MB.: E se calhar algumas também porque havia ali uma mágoa já anterior com o partido...
IF.: Sim, muita coisa. Muita. É normal, 28 anos afastados do poder também vão afastando as pessoas e as pessoas perdem essa confiança. Portanto, aquilo que eu tenho que dizer é que agradeço mesmo, mesmo àqueles candidatos que sabiam que era impossível serem vencedores mas que estiveram disponíveis para este processo e para esta caminhada.
Como é óbvio, tudo é dinâmico e os contextos também vão mudando e é natural que depois a nossa opinião também vá mudando.