Bragança

‘Mãe coragem’ escreveu livro para ajudar a ultrapassar a dor de perder dois filhos

Publicado por António G. Rodrigues em Seg, 2019-09-23 17:30

‘Para sempre mamã’ é o título do livro de Mariana Lopes, que será apresentado pela primeira vez ao público no próximo dia 29, em Bragança, e que retrata a história de uma mãe que perdeu dois dos seus quatro filhos.

Num registo autobiográfico, a autora conta a história do sofrimento por que passou, por duas vezes.
“Trata-se de uma história de superação, de uma mãe que perdeu dois filhos. Pior do que perder um, só mesmo perder dois ou mais. Essa mãe e os outros dois filhos tiveram de aprender a lidar com a morte muito jovens, nomeadamente o Paulo, o mais velho, que perdeu o primeiro irmão aos dois anos e meio e o segundo aos 18”, contou ao Mensageiro.

Mariana Lopes nasceu na Alemanha, filha de pais portugueses, que tinham emigrado de Bragança. Regressou a Portugal aos 15 anos.
A vida decorria com normalidade, quando, subitamente, o sofrimento se abateu sobre a família. “O Luís Carlos foi o primeiro a falecer, quando tinha seis anos. Segundo dizem os médicos, devido a um aneurisma. Foi no espaço de três horas. Ninguém estava a contar. Era o primeiro filho, tinha apenas seis aninhos e uma vida toda pela frente. Era uma criança de que toda a gente gostava, que andava pelo bairro na sua bicicleta verde e parava para falar com os mais velhos, sempre com um sorriso enorme e uma luz que ainda é difícil recordar”, conta.
Dezasseis anos mais tarde, novo momento difícil, quando Daniel faleceu, vítima de leucemia.

“Ultrapassar isso foi muito complicado, sobretudo no caso do Daniel, o último que faleceu, com 16 anos”, confessa.
Depois destas duas perdas, foi desafiada a colocar a experiência no papel. Mas a decisão demorou sete anos.

“É um registo autobiográfico. Decidi escrever porque acho que não há melhor maneira de homenagearmos os nossos filhos, de os tentar imortalizar, do que deixar um registo.

No início não conseguia pensar desta maneira e demorou um bocadinho a lidar com a morte e com a partida dele. Quando foi o Dani, uma amiga incentivou-me a escrever. Queria que começasse a escrever passado um mês e meio mas nessa altura ainda não estava preparada. Demorei quase sete anos. O Luís Carlos já faleceu há 23 anos”, explicou.

Entretanto, este ano foi nova tragédia que espoletou a vontade de passar a dor ao papel. “Dia 16 de março fui comprar um tablet para ir escrevendo lentamente. Nesse mesmo dia soube do falecimento do André Bessa [vítima de um acidente de avião, em Bragança] e isso mexeu bastante comigo porque conhecia-o desde que nasceu, conheço os pais. Fui um incentivo para mim. Comecei a escrever no dia 24 e no dia 15 de abril já tinha o livro nas editoras. Foi um processo muito rápido, de passar noites inteiras a escrever”, conta.

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