A opinião de ...

Cogito, logo existo

O também colaborador deste jornal, Sr. Amândio Correia, debaixo do título Políticos e as suas polícias, escreveu um artigo no qual tece hossanas e ditirambos ao Director-Geral da PSP, por este ter conseguido ser recebido pelo Presidente da República numa tarde de domingo a pretexto de lhe oferecer um livro, o que, seguramente, irá enriquecer a Biblioteca da terra minhota onde nasceu a sua avó Joaquina, equipamento cultural em grande parte composto por fundos bibliográficos oferecidos pelo actual (e espero que futuro) Supremo Magistrado da Nação, em homenagem à ancestral e chegada parente.
O Sr. Amândio Correia escreve livremente, livremente teço considerações relativas às opiniões expendidas, dado o Sr. Correia pretender justificar o injustificável: o salto da paliçada hierárquica por parte do funcionário de topo, o Sr. Magina da Silva. Após terminado a audiência, vá-se lá saber como surgiram os jornalista no Palácio de Belém, de microfone em riste tendo colhido o sarapatel palavroso do ocasional visitante que perguntado sobre o conteúdo do falado, não se fez rogado, nem se coibiu de informar os jornalistas, os portugueses através deles, de ao modo de eminência parda ter perorado com o Professor Marcelo sobre o futuro do SEF, que no seu entender deve fundir-se com a PSP estilo – uma sanduíche/mista – parideira de uma Polícia Nacional.
As explanações do Sr. Magina ribombaram quais bombos da Carrazeda de Ansiães. O ministro Cabrita fragilizado agiu tibiamente como é seu hábito. Prometeu um inquérito cujo efeito será fenecer nas alfurjas burocráticas. Se o ministro possuísse a têmpera do Comandante Ferreira do Amaral, demitia de imediato o polícia Magina. Ele pode possuir diplomas, louvores e penduricalhos, o que ele provou foi não ser prudente como uma serpente (divisa de sábia Instituição religiosa), não possuir o sentido da medida e ter evidenciado os malefícios de quem ultrapassa o conceito de Peter.
Há um carro de anos um chefe de esquadra em serviço no Comando Distrital de Bragança agrediu o novel Comandante. O agressor teve direito a julgamento militar, condenado a dois anos e dois meses de prisão maior cumpriu-os na íntegra. O Chefe tinha exercido a funções de comandante interino durante vários meses, ora a PSP ao nível dos quadros superiores estava confinada a oficiais do Exército (galões amarelos), comissários, chefes de esquadra e subchefes ajudantes, cada qual ostentava nos ombros e nas mangas do dólman galões prateados. Eis a diferença.
No Estado Novo o comandante-geral da PSP tinha o posto de coronel, os comandantes-gerais da GNR e GF eram oficiais generais de três estrelas, ou seja: cada macaco em seu galho, mas tal como na Quinta de Orwell os comandantes sendo iguais, os das Guardas conseguiam ser mais iguais.
O trecho do Sr. Amândio Correia expressa a sua lástima por os polícias não poderem pensar tal qual os políticos numa lamúria lacrimejante a que não falta a rememoração dos sacrifícios a que são submetidos a fim de garantirem a segurança e protecção das pessoas e bens, a deixar a impressão de eles não saberem quais eram os encargos profissionais na altura de requererem a admissão na organização policial.
Os políticos e todos nós precisamos de polícias honestos, capazes, firmes, disciplinados, cumpridores das leis e dos seus deveres. Por seu turno os políticos têm a obrigação e responsabilidade de garantirem aos polícias salários compatíveis, meios adequados à concretização dos seus deveres, instalações e mobilidade compatíveis ao que lhe é exigido, protecção e estatuto à altura do seu papel na sociedade. Nem mais, nem menos!
O articulista emprega várias vezes o vocábulo pensar e derivados do pensar, percebo-o, no entanto, temos de pensar no Discurso sobre o Método.

Edição
3816

Assinaturas MDB