A opinião de ...

3 - Migrações, mais olhos que barriga

(Continuação)
O fenómeno das migrações que, durante séculos, se resumia à deslocação de populações entre determinadas regiões do globo, motivado, grande parte das vezes, por catástrofes naturais, crises políticas, económicas ou sociais, e, não raro também, por situações de má vizinhança, na atualidade evoluiu para um fenómeno global que, se não for devidamente controlado, mais cedo do que possa pensar-se, com a atual facilidade de deslocação das pessoas e dos bens entre continentes, poderá destruir irremediavelmente o indispensável equilíbrio para que os povos e as nações possam continuar a viver em paz segundo as suas tradições e a sua cultura, na senda do progresso e da felicidade a que todos têm direito.
Nesta ordem de ideias, para evitar males maiores, espera-se e exige-se dos responsáveis pelas políticas de imigração, e no caso concreto de Portugal que nos diz diretamente respeito que, no interesse dos portugueses e de todos aqueles que pretendam imigrar para a nossa terras, que antes de escancararem as nossas fronteiras, façam uma análise cuidadosa da quantidade de imigrantes que precisamos, tendo em conta tanto as necessidades da nossa economia, como, e muito especialmente, a limitada capacidade de acolhimento dum pequeno país como o nosso para acolher com dignidade as atuais vagas de imigrantes.
É natural que os “papagaios” do costume, porque ninguém pode tirar-lhes o direito de dizerem o que mais lhes aprouver, não concordem e, escudados na demagogia barata que os carateriza, desenterrem todos os fantasmas e “ismos” que lhes turbam a vista obscurecem o espírito.
Porém, isso é lá com eles, a realidade é esta e não há como fugir-lhe ou ignorá-la, porque não é juntando novas crises às crises que as crises se resolvem quando:
- Temos cada vez mais gente da nossa gente no limiar da pobreza, muitos dos nossos idosos, por falta de dinheiro, têm de escolher entre comprar os alimentos ou os medicamentos, faltam milhares de casas digas e a preços acessíveis para muitas famílias, faltam creches para as crianças e lares para a terceira idade.
- Faltam meios para satisfazer as revindicações das forças armadas, dos polícias, guardas republicanos, guardas prisionais;
- Faltam equipamentos, médicos, enfermeiros, técnicos de radiologia, assistentes hospitalares no SNS, instalações condignas, juízes e oficiais de justiça nos tribunais;
- Faltam professores e auxiliares nas escolas, num sistema educativo à deriva, que é a vergonha que está à vista, onde faltam instalações condignas com um mínimo de qualidade, meios materiais, técnicos e humanos em qualidade e quantidade, adequados e suficientes;
De tudo o que foi dito e do muito mais que ficou para dizer, para evitar que Portugal se transforme num gigantesco acampamento selvagem onde as pessoas se amontoem nas condições degradantes que já estão à vista em Lisboa, é indispensável que o país, no seu todo, se consciencialize do interesse e da sua capacidade de continuar a receber imigrantes, aos quais ninguém lhes pode garantir que, para fugir dum inferno, não venham a cair noutro pior.

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