A opinião de ...

Nos cinquenta anos do 25 de Abril, uma pergunta “fora da caixa”

Exatamente, esta é a pergunta que, não obstante as limitações do espaço disponível, das lonjuras de tudo e de todos deste nosso Nordeste Transmontano, para que vou pedir resposta neste primeiro cinquentenário do já tão longínquo como saudoso 25 de abril de 1974, na plena convicção de que, da mesma forma que possa ser do agrado de muitos, num país democrático como Portugal, com toda a modéstia, porque “ quem anda à chuva molha-se” também reconheço e aceito que possa desagradar a outros tantos mas isso, meus caros, é problema deles que, connosco tudo bem.
Para tal, abstraio-me completamente do barulho, dos desfiles, dos discursos inflamados dos eternos corifeus e donos desta data, bem como do barulho dos desfiles, das festas, das festanças, do foguetório e do folclore que neste dia são servidas ao povo em doses industriais, que não levam a lado nenhum.
Fazendo uma retrospetiva destes últimos cinquenta anos, durante os quais, foram subvertidas as motivações que estiveram na sua origem, pela quinquagésima vez, a quem puder e quiser responder, recorda-se que em Trás-os-Montes ainda há gente e, pensarão muitos, para nosso mal e nossa desgraça, ainda é Portugal, de olhos nos olhos, muito clara e diretamente, essa gente que, estoicamente, por lá continua e resiste a todas as dificuldades, pergunta quando é que o 25 de abril irá passar para lá da serra do Marão.
É para esta gente que resiste, que ama as suas terras e as suas tradições, e antes que seja demasiadamente tarde, que é preciso criar todas as condições a que têm pleno direito para que também elas, passados cinquenta anos sobre a revolução dos cravos, possam dizer que, finalmente, ainda que com meio século de atraso, dentro da especificidade, das potencialidades e das necessidades das suas terras, o vinte e cinco de abril das mesmas oportunidades, das mesmas responsabilidades e dos mesmos direitos para todos, também já chegou às suas terras.
Mas isto, racismos e xenofobias à parte, se quisermos que por essas terras se continue a falar a nossa língua, a preservar os nossos costumes e impedir que sejam totalmente invadidas por outros povos e outras gentes, porque ontem já era tarde, já não pode ficar nem mais um dia à espera de planos e projetos disto e daquilo, esquecidos e enterrados nas gavetas do centralismo sufocante das chusmas incontáveis dos teóricos e iluminados que infestam os gabinetes da capital, como se o país começasse e acabasse em Lisboa.
A continuar tudo como até agora, não chateiem, esqueçam-nos e, de uma vez por todas, deixem-nos em paz e nós cá nos viramos.

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3983

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