A opinião de ...

Quem tem pressa... come cru!

É natural e compreensível que muita gente, tendo em conta a difícil situação que o país atravessa em muitas áreas nevrálgicas e extremamente sensíveis, que afetam o seu dia a dia, depois de uma campanha eleitoral, que as bombardeou com toda a espécie de promessas, muitas das quais, sem a mínima hipótese de concretização, fruto da desonestidade, da irresponsabilidade e da demagogia anacrónica como os candidatos organizam as suas campanhas, tenham criado a ilusão de que agora é que vai ser , agora é que as coisas vão mesmo melhorar e, como tal, estejam impacientes e tenham pressa de verem cumpridas as promessas que lhes foram feitas por aqueles em quem depositaram a sua confiança.
O que já não é racional nem aceitável, é a pressão sufocante sobre o governo, como nunca visto no início de funções dos vinte e três governos que o antecederam no pós vinte e cinco de abril, uma autentica guerra santa dos tempos modernos contra o qual se congregaram todos os fracassados, rejeitados, desiludidos e ressabiados com as opções manifestadas pelos eleitores nas eleições do passado dia dez de março, governo cujo programa ainda não passou pela Assembleia da República,” conditio sine qua non” para assumir o pleno desempenho das suas funções, como se o que ninguém conseguiu fazer em muitos anos, fosse possível faze-lo agora em apenas uns dias ou umas semanas.
É caso para dizer a este exército de paladinos da desgraça que respirem fundo e tenham muita calma porque “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e, concedendo ao governo o benefício da dúvida lhe facultem o tempo necessário para que, depois de conhecer os cantos à casa, estudar e hierarquizar os processos pendentes, em função das verbas disponíveis e das necessidades mais urgentes, numa primeira fase e duma maneira justa e equitativa, possa começar a resolver as situações mais graves de fome e de miséria que já afetam uma percentagem assustadora da população, que vegeta nos limites da pobreza, quantas vezes encapotada, indignas de qualquer ser humano, difíceis de compreender e de aceitar, depois de meio século à espera inútil que se concretizem as esperanças nascidas no dia vinte e cinco de abril, situação que devia fazer corar de vergonha muita da gente cuja “profissão” conhecida se resume ao trabalho de encher praças e avenidas com festanças e manifestações por tudo e por nada, organizar desfiles , comícios, arruadas e ações de protesto, a pedido, com a mesma facilidade com que, á falta de melhor, se entretêm a promover desfiles com as suas cores, inspirados na policromia e nas batucadas dos cortejos folclóricos das festas dos santos populares da sua devoção e nas habilidades de quem lança os foguetes e apanha as canas.
Nisto, meus caros , somos os maiores e não há pai para nós!

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