A opinião de ...

Lousa

A imagem é muito forte e igualmente enternecedora. À regimental pergunta, já muitas vezes feita e outras tantas sem resposta “Se há alguém do público que queira intervir, pode fazê-lo agora. Basta inscrever-se, dizendo-nos o seu nome, morada e o assunto que quer expor”, desta vez, respondeu à chamada uma senhora idosa, ao fundo da sala e com dificuldade de locomoção. Não disse logo o nome mas a intenção foi clara e inequívoca: sim, queria expor à Assembleia, ao Presidente da Câmara e, de novo, ao Presidente da Junta um problema grave com que se deparava e que ali partilhava com todos para que lhe dissessem, de viva voz e publicamente o que entendessem, como resposta.
Foi ouvida atentamente por todos os deputados municipais, demais participantes e as suas palavras ficarão registadas em ata que será tornada pública pelos meios usuais. Publica será, igualmente, a resposta que obteve pessoal e personalizadamente.
Tal como ela, igualmente outros três munícipes disseram de sua justiça e igualmente obtiveram, respostas, explicações e compromissos.
 
Tudo isto aconteceu no passado dia 29 de Setembro, na freguesia da Lousa onde se reuniu a Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo dando cumprimento ao deliberado pelos seus membros na reunião anterior.
A assistência de cidadãos não eleitos, às reuniões da Assembleia, está prevista na Lei e vertida para o respetivo regulamento interno. Têm sido muito poucos os que se têm deslocados aos Paços do Concelhio. Não tenho notícia de nenhuma intervenção. Até ao pretérito dia 29.
 
Na Lousa, para demonstrar (se alguma demonstração fosse necessária) o acerto da deliberação tomada, os assistentes eram em número superior ao dos membros com assento próprio no órgão autárquico. Mais haveria, garantem-me, se não fosse dia de vindima, em terra de vinhas. Nenhum dos que se deslocaram ao salão cedido pela Junta de Freguesia teria descido a fragada, com igual motivo, para participar pessoalmente e ao vivo ao exercício democrático legislativo e fiscalizador do órgão representativo dos cidadãos e que age em seu nome, perante o executivo, também ali presente. No final era visível a satisfação em todos. Este pequeno gesto, à sua dimensão, pequena concerteza, não deixa, por isso, de ser um contributo, que não sei quantificar, mas que não duvido em qualificar como importante, para a aproximação, a este nível, entre eleitos e eleitores.
Estou certo que, perante a aposta ganha, outros Presidentes de Junta seguirão o exemplo do autarca lousense e se proporão receber-nos na sua terra em ocasiões vindouras.

Edição
3494

Assinaturas MDB