A opinião de ...

A vacina!

epois de um empenho extraordinário, a nível mundial, aí está a autorização para se iniciar o tão ansiado e desejado período de vacinação para a Covid19. Duas preocupações aparecem, de imediato e legitimamente.
Será segura? Será eficaz?
Imaginemos que, onde não havia qualquer antecedente conhecido, de repente, surge um terramoto que destruiu todas as edificações. As novas, que precisam ser erguidas, para que seja possível retornar à normalidade terão, obviamente, de garantir a sua eficácia contra os novos abalos. A forma tradicional de satisfazer tal requisito passaria por ensaios no terreno, fazendo vigas com ferro reforçado que, depois de concluídas fossem sujeitas a testes de resistência para se saber, sem qualquer dúvida que eram eficazes. Provavelmente, antes de se obterem o adequado licenciamento, muitas experiências haveriam de ser levadas a cabo, mais ou menos bem sucedidas até se atingir o ponto ideal que convença os fiscais. Muito tempo seria consumido até se começar a construir em série...
... a menos que a urgência fosse grande e se decidisse investir na tarefa mais e maiores recursos. Em vez de experiências unitárias, no local, com exames no final de cada uma, podia ser possível ao mesmo tempo, fazerem-se todo o tipo de experimentos em locais distintos, fiscalizadas em contínuo e, em vez de refazer testes, usar componentes já certificados quando se sabe terem dado bom resultado noutras circunstâncias idênticas. Haveria de se poupar muito tempo sem ceder o que quer que fosse à qualidade e segurança.
Foi algo parecido que aconteceu para permitir que um processo que, normalmente, exige dez anos, tenha sido concluído em menos de um. Apesar da natural concorrência, entre farmacêuticas que embora guardando sigilo sobre os processos próprios, partilhavam, entre si, o conhecimento de milhares de cientistas que, por todo o mundo, trabalharam incessantemente em laboratórios estatais e de instituições sem fins lucrativos e que, desde sempre, publicam os resultados das suas pesquisas.
Foi ainda aproveitado o grande conhecimento prévio, adquirido no combate a outras doenças em que o agente patogénico, tal como o Cov-2 têm uma taxa de mutação, moderada. As parecenças com o SARS de 2003/4 permitiu que as investigações não partissem do zero. Em boa verdade o trabalho em prol da vacina COVID não começou há dez meses mas sim há mais de quinze anos quando foi identificado o antigénio que deve ser usado para a produção de vacinas para a família de vírus SARS. Acrescente-se a esta situação o maior investimento de que há memória, no planeta, em todo este processo, associado a uma excecional celeridade dos processos burocráticos necessários à aprovação da vacina pelas entidades competentes.
Celeridade não quer dizer diminuição de exigência. Depois dos resultados laboratoriais passou-se, tal como sempre foi necessário, aos ensaios clínicos para se comprovar a sua segurança e eficácia. O facto de terem surgido algumas contrariedades em qualquer uma destas fases, em vez de nos assustar deve, pelo contrário, conferir-nos confiança e tranquilidade. Reações adversas são naturais. Se delas não houvesse conhecimento é que nos deveria preocupar e fazer desconfiar.
Em tempo Record, estão a chegar ao mercado, várias vacinas seguras e eficazes.
A vacina é um dever de todos.
A seu tempo. Não deve haver ansiedade nem precipitação. Não é possível vacinar toda a gente de imediato, nem tão pouco num curto espaço de tempo. Contudo o arranque do processo e a sua evolução representa um acréscimo de segurança, grande, para quem a toma mas também, mesmo, inicialmente, numa ínfima parte, para todos os outros. Cada pessoa que se vacina é um passo no sentido correto de combate à pandemia e todos os que ainda não se vacinaram, ficam um pouco mais protegidos.
É como se estivéssemos todos num gigantesco barco a remos. Só começará a deslocar-se, como deve ser e é esperado, mas, de cada vez que alguém mexe o seu remo, a embarcação move-se. Milimetricamente, mas é, de qualquer forma, um movimento, no bom sentido!

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