Câmara já leva água a 26 aldeias
O Município de Bragança apresentou um conjunto de medidas para apelar à população que poupe água. A Barragem da Serra Serrada, a principal reserva para abastecimento público, só tem água para 80 dias e um terço das aldeias já carece que os bombeiros transportem água em autotanques para encher os depósitos.
No meio rural há 105 captações de origem gravítica, através de nascentes, e mais 68 furos para ajudar a reforçar, mas mesmo assim desde há algumas semanas que a câmara está a proceder o transporte de água para 26 aldeias em autotanques dos bombeiros de Bragança e de Izeda. “Vivemos um ano complexo com o aumento exponencial do número de aldeias a precisar de ajuda”, explicou Hernâni Dias, autarca de Bragança.
Desde Fevereiro o município já transportou cerca de seis mil metros cúbicos de água para o meio rural e foram realizadas mais de 350 viagens com esses veículos pesados. “Temos um custo adicional de 20 mil euros relativamente à média dos últimos três anos anteriores”, referiu autarca admitindo que está preocupado com a situação “porque não é expectável que no curto prazo haja maior índice de precipitação”.
Para agravar a situação de seca, há ainda as perdas de água devido a avarias. Só em julho, segundo os dados do município, foram verificadas 81 roturas na rede de abastecimento público.
A cidade de Bragança consume cerca de 15 mil metros cúbicos de água por dia, mas em agosto esse valor aumenta “devido à comunidade flutuante, como os emigrantes, mais os turistas”, referiu Hernâni Dias, que quer atempadamente ter medidas para prolongar a reserva de água nos reservatórios.
Evitar desperdícios
A Câmara apela aos cidadãos para usarem a água com critério, reduzindo as regas e as lavagens. Entretanto, o município começou a dar o exemplo e vai diminuir a rega de jardins públicos, embora muitos usem água não tratada de sistemas alternativos, ainda existem alguns espaços regados com água da rede pública. “Com a redução substancial da rega nos 64 hectares de jardins que já identificamos poderemos poupar 1500 metros cúbicos por dia, o que é 14% dos consumos diários”, descreveu o autarca.
Nos edifícios municipais e nas escolas também vai poupar-se água, “de modo a sensibilizar o cidadão para o uso racional da água, evitando os desperdícios, dando conta que é necessário que é preciso adotar os melhores comportamentos para garantir que a água continua a chegar a todos”, acrescentou o autarca.
O concelho de Bragança tem ainda a Barragem de Veiguinhas, sob a alçada da Águas do Norte, com quem o município tem um diferendo na justiça e já manifestou vontade de abandonar esse sistema multimunicipal. “Não estamos dispostos a entrar neste sistema da forma como nos querem obrigar e queremos sair em conjunto com os outros oito municípios da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes e queremos gerir a água de forma verticalizada para manter a maior eficiência e qualidade”, afirmou Hernâni Dias.
Ainda assim, o concelho pode vir a usar a água de Veiguinhas, que tem uma capacidade de três milhões de metros cúbicos, se não tiver alternativa. “Se houver necessidade teremos que recorrer por forma a não deixar de ter água na cidade”, explicou o autarca.
