Política - Entrevista a Berta Nunes, candidata à presidência da Federação de Bragança do PS - Lista B

“Candidato-me para colocar a minha experiência política ao serviço do distrito”

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-11-03 12:03

Mensageiro de Bragança: Porque decidiu candidatar-se a estas eleições?

Berta Nunes: Decidi candidatar -me porque, sendo atualmente deputada do Partido Socialista pelo distrito de Bragança, considero que tenho as condições para trabalhar com o partido, os militantes e a sociedade civil, com o objetivo de construir alternativas ganhadoras e úteis ao nosso distrito e ao país. É uma forma de colocar a minha experiência política ao serviço do distrito, fazendo a ligação à Assembleia da República e ao Governo. Com esta ligação e com  o conhecimento que tenho da região, em diversas áreas, poderei contribuir para o fortalecimento do partido e trabalhar em soluções para os desafios que enfrentamos no distrito . 

 

MB.: Quais as três medidas primordiais que defende para este mandato?

BN.: Como presidente da federação a primeira medida será mobilizar os militantes, fazer um trabalho de proximidade e escuta, envolvendo também a sociedade civil e construir em cada concelho projetos alternativos ganhadores (onde somos oposição).

Onde somos poder trabalhar com os nossos autarcas, identificando as principais necessidades de cada concelho, no sentido de  resolver problemas e encontrar as melhores soluções para o progresso de cada concelho e do distrito no seu todo.

A segunda medida será reivindicar e negociar, junto do poder central, políticas e estratégias que tenham em vista a resolução dos problemas identificados em cada concelho, de forma a promover medidas que se possam traduzir em melhorias de natureza económica, social, cultural e de sustentabilidade ambiental. Em breve, teremos  novo quadro comunitário de apoio pelo que estaremos atentos para que esta região não seja esquecida e possa beneficiar dos recursos disponíveis para reforço da coesão e do progresso, tendo como objetivo final a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

 A terceira medida será trabalhar desde já com os nossos eurodeputados para preparar as próximas eleições europeias em 2024. Tendo em conta que a União Europeia tem influência direta nas políticas nacionais e regionais, os eurodeputados que elegeremos são fundamentais para fazer chegar ao centro das decisões as necessidades locais e influenciar as políticas para a resolução dessas necessidades.

 

MB.: Quais os principais problemas que, na sua ótica, enfrenta o Nordeste Transmontano?

BN.: O principal problema prende-se com questões de natureza social, nomeadamente, o despovoamento (perda da população em particular população jovem) e o envelhecimentos de todos os concelhos do distrito bem como a baixa qualificação da população adulta, o que dificulta a sua adaptação aos contextos atuais de aceleradas mudanças, nomeadamente, na ótica da digitalização da sociedade e da economia.

O segundo grande problema, são as alterações climáticas e os grandes períodos de seca e calor extremo, que levam à falta de água, tendo um impacto muito negativo na agricultura e para os quais temos de encontrar medidas de adaptação e mitigação. Tendo em conta o predomínio do setor agrícola e agroalimentar no nosso distrito, irei também trabalhar com as diversas associações agrícolas do distrito para resolver os principais problemas que afligem este setor.

O problemas das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias continuam a ser um problema com um efeito negativo no crescimento económico e na mobilidade das pessoas.

A ausência de cobertura total do distrito, de ligações rápidas à internet e comunicações móveis, é um problema que esperamos ver resolvido até final de 2025, já que o governo está a trabalhar para lançar o concurso em breve e existem verbas no PRR para esse fim.

A falta de oportunidades de emprego, em particular emprego qualificado, é outros dos grandes problemas com que se depara esta região. Assim, atrair investimento é uma das estratégias importante a implementar. Neste sentido,  investir nas acessibilidades rodoviárias, na boa cobertura de internet, bem como criar políticas de atração de investimento, associadas a estratégias de acessibilidade da habitação, melhoria da educação e da saúde, serão primordiais. É importante que as regiões de interior do país, tenham políticas diferenciadoras para que se possa reverter o êxodo da população destas regiões e se possa atrair novos habitantes, estimular a natalidade, criando condições  favoráveis à instalação de jovens casais.    

Para o nosso território ser ainda mais atrativo são importantes politicas na área da saúde que melhorem o acesso aos cuidados primários, reforcem especialidades hospitalares em falta, para que o acesso à saúde em proximidade e qualidade seja garantido.

Políticas na área do ensino a todos os níveis, incluindo o acesso ao ensino superior, reforçando o politécnico de Bragança um dos fatores de atratividade de jovens para o nosso distrito. Defendemos os doutoramentos nos politécnicos e defendemos a mudança de designação para Universidades Politécnicas um assunto atualmente em discussão na Assembleia da República.

Defendemos também o ensino obrigatório (até ao 12ºano) em todos os concelhos incluindo Vimioso e Freixo.

Reforço dos apoios às IPSS e Misericórdias que respondem às necessidades de idosos e crianças.

A existência de vagas em creches e infantários, bem como no ensino pré-primário são fundamentais para apoiar as famílias com filhos pequenos.

Estas e outras políticas contribuirão para travar o despovoamento o principal problema do distrito que urge reverter, porque sem pessoas não há economia, nem desenvolvimento, nem futuro sustentável.

     

MB.: O que é preciso para o PS ter a maioria das Câmaras do distrito?

BN.: É preciso apresentar projetos com ideias e pessoas que transmitam confiança aos   eleitores  para votar no PS nas próximas autárquicas.

Esse trabalho faz -se desde já com uma oposição construtiva mas exigente e um trabalho continuado com os eleitores.

Onde somos poder a nossa expetativa é manter as atuais autarquias PS em mandatos de continuidade

 

MB.: Em Bragança vai, forçosamente, haver mudança de presidente, por via da limitação de mandatos. Quem considera poder ser o melhor candidato para reconquistar a Câmara para o PS?

BN.: A escolha da pessoa e das equipas, cabe à federação e à concelhia de Bragança e, embora tenhamos ideias claras sobre este tema, considero prematuro avançar já com um nome.

 

MB.: Que papel devem ter os jovens durante o seu mandato?

BN.: Os jovens são o presente e o futuro e terão certamente um papel muito importante, não só como militantes do PS, mas também como militantes da JS. 

Os problemas dos jovens devem ser olhados com especial atenção porque vivemos num país com jovens cada vez mais qualificados, que necessitam de uma economia com empregos qualificados e bem pagos, precisam de habitação a custos controlados para poderem ter filhos e sair de casa dos pais, precisam de acesso ao ensino superior para poder ajudar o país e melhorar a sua vida no futuro.

Os jovens devem ser ouvidos e como presidente da federação continuarei a trabalhar com eles e a ser uma voz ativa na defesa dos seus anseios.

 

“Candidato à Câmara de Bragança? Ainda é prematuro avançar com um nome.

 

Berta Nunes”

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