Nordeste Transmontano

Em 2023, aumentou o número de crianças nascidas na região

Publicado por António G. Rodrigues em Sex, 2024-05-03 10:47

Em 2023, a maternidade do hospital de Bragança viu mais 38 crianças nascerem nas suas instalações do que no ano anterior, o que corresponde a um aumento de dez por cento.

De acordo com os números fornecidos ao Mensageiro pela Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULS), o ano de 2023 veio inverter a descida que se verificou em 2022, ano da invasão russa da Ucrânia.

Ao todo, em 2023 nasceram 419 crianças na maternidade da ULS transmontana.

“No período entre 2019 e 2023, verificou-se uma tendência de estabilidade, com ligeiras oscilações, ao nível do número de nascimentos. Assim, em 2019 registaram-se 486 recém- nascidos, em 2020 o número situou-se nos 441, nos anos de 2021 e 2022 foram registados 381 e em 2023 o número aumentou para 419 nascimentos”, informou a ULS.

Ou seja, os 38 nascimentos que houve a mais em 2023 face a 2022, correspondem a um aumento de quase dez por cento. Contudo, ainda fica longe dos 486 que se registaram antes da pandemia de covid-19, em 2019.

 

Nascimentos

Mesmo assim, a ULS Nordeste frisa que a situação se mantém estável na região.

“Atendendo à população em idade fértil fixada na região, o número de nascimentos na Maternidade da ULS do Nordeste mantém assim uma tendência sem oscilações significativas, nos últimos cinco anos”, sublinha a resposta escrita enviada ao Mensageiro de Bragança.

Aquela entidade sublinha que as grávidas do distrito têm acompanhamento na regão. “De realçar que a ULS do Nordeste, numa ótica de articulação dos Cuidados de Saúde Hospitalares e dos Cuidados de Saúde Primários, assegura a vigilância e o acompanhamento na área da Saúde Materna, numa ótica de proximidade com a população que serve, ao nível do planeamento familiar, gravidez e preparação para a parentalidade, e na área da Saúde Infantil”, lê-se ainda.

Nesta altura está em curso uma intervenção de melhoria das condições da maternidade de Bragança, a única em funcionamento em todo o distrito.
“Numa ótica de melhoria contínua da qualidade dos serviços, importa ainda salientar o importante investimento em curso ao nível da requalificação da Maternidade da ULS do Nordeste, tendo em vista a criação de melhores condições, com mais conforto e segurança, para utentes e profissionais”, concluiu a ULS.

Diferença para os testes do pezinho

Contudo, o número de crianças nascidas na maternidade de Bragança é diferente do número de testes do pezinho efetuados a cianças no Nordeste Transmontano.
Este exame faz-se nos primeiros dias após o nascimento da criança, o que indica que vários bebés do distrito acabam por nascer em unidades hospitalares de outros pontos do país.

Por exemplo, no ano de 2022, registaram-se 381 nascimentos na maternidade mas, de acordo com os dados do Instituto Ricardo Jorge, fizeram-se 574 testes do pezinho a crianças do distrito. Uma diferença de 193 nascimentos.

Em 2022, Bragança foi o distrito com menos nascimentos. A par de Portalegre, que teve 584 nascimentos nesse ano, são os dois únicos distritos abaixo das 600 crianças. Segue-se a Guarda, com 612.

Estes são os três únicos distritos com menos de mil nascimentos nesse ano. Já Vila Real, aqui ao lado, teve 1008 nascimentos durante esse ano de 2022.
Já em 2022, o sociólogo Henrique Ferreira alertava que este é um fenómeno que “poderia ser ainda pior” se não fossem as comunidades imigrantes.

“A demografia é uma área interdisciplinar em que as disciplinas interferentes são muitas. Podemos dizer que a demografia é uma das áreas interdisciplinares mais amplas. Nela, demografia, interferem a geografia, a economia, a cultura, o sistema de valores, o sistema de motivações sociais, o sistema de oportunidades e o sistema de gratificações. Muitas destas áreas estão incluídas ou derivam das políticas públicas em relação à demografia, à natalidade, à educação e, sobretudo, às perspetivas de futuro.

Não se pode dizer que uma determinada comunidade não quer ter filhos. Isso também pode acontecer mas não é comum. O que acontece é que as pessoas avaliam a sua situação face aos contextos e decidem não ter filhos ou porque sentem que não têm condições para lhes dar uma vida boa ou porque acham que ainda não é oportuno tê-los face à situação em que se encontram. O resultado é que os filhos ou vêm cada vez mais tarde na idade dos casais, sobretudo das mulheres, ou, simplesmente, já não vêm porque passou o tempo”, frisava.

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