Mirandela

Milhares de agricultores em protesto contra a “incompetência” do Governo

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2023-02-02 10:58

Mais de cinco mil agricultores e mais de centena e meia de tratores agrícolas (números da organização) entupiram, na passada quinta-feira, as ruas de Mirandela, para participar na manifestação promovida pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) em protesto pelo que classificam de “incompetência do Governo” e em particular do Ministério da Agricultura na gestão das verbas que chegam da União Europeia.

O presidente da CAP justifica esta iniciativa por considerar que o Ministério da Agricultura “entrou em colapso e a desvalorização do mundo rural é uma evidência”.

Eduardo Oliveira e Sousa diz tratar-se de uma manifestação “de indignação e de falta de respeito do Governo pelos agricultores” e dá o exemplo de que estão 1300 milhões de euros do PDR por executar. “Devido à incompetência do governo não estão a ser utilizados por Portugal quando o seu prazo já devia ter sido executado até dezembro de 2022 e isto pode vir a traduzir-se numa perda de parte deste dinheiro”, afirma.

E apesar de não concretizar, o líder da CAP deixa entender que a Ministra da Agricultura devia abandonar o cargo. “Se para o Primeiro-Ministro a agricultura de Portugal for importante, muito provavelmente terá que substituir a Ministra da Agricultura”, refere.

Mas também o receio da extinção da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e a sua integração na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte estava bem patente nos diversos cartazes e tarjas carregados pelos agricultores. “Ela tem que estar aqui, no centro da lavoura, e não têm nada que a levar para o litoral, para o mar, porque aí é dos pescadores”, afirma Aristides Cadavez, agricultor de Mirandela, que diz estar desiludido com o Governo.

“Têm de valorizar o respeitar o agricultor e isso não está a acontecer”, lamenta.

Também Luís Teixeira, agricultor de Murça, entende que o setor está em total decadência. “É tudo muito mais caro, as nossas produções tiveram uma quebra em toda a linha e os apoios nem vê-los. A ministra tem de sair do escritório e ver a realidade da nossa agricultura”, diz.

Já o secretário-geral da CAP não tem dúvidas que o Governo “quer acabar com estes serviços que dão apoio direto ao agricultor e colocar as verbas que se destinam à agricultura ao serviço dos poderes camarários e das CCDRs que não têm nenhuma ligação àquilo que é a complexidade da política agrícola, às suas exigências e acham que vão chegar ali e utilizar o dinheiro como quiserem. Ora, isso não é possível”, sustenta Luís Mira.

Esta foi a primeira de várias ações de protesto agendadas pela CAP. A segunda já aconteceu, na passada segunda-feira, em Castelo Branco, e as restantes vão acontecer durante este mês de fevereiro no Ribatejo, no Oeste e no Alentejo.

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