A opinião de ...

Como em tantas das nossas terras, voltaram em grande as festas de Carção

Estão de volta a Carção as grandes festas em honra de Nossa Senhora das Graças, festas que, pelo brilho e solenidade das celebrações religiosas, especialmente a solene procissão de velas, cujo início remonta a fins do século XIX, bem como a grandiosa e emocionante ”procissão das promessas” e pelos espetaculares programas de convívio e diversão, pelos quais, durante décadas, foram passando os mais conceituados artistas nacionais, alavancadas pela fé e pela devoção dos emigrantes, dentre as numerosas manifestações da devoção mariana das gentes de Trás-os-Montes, rapidamente se transformaram numa das festas mais grandiosas e mais concorridas em honra de Nossa Senhora de todo o nordeste transmontano.
Como vinha sendo hábito na última década, o vasto programa das festas abriu oficialmente com a grande noite cigana, que começou logo ao cair da noite e se prolongou até depois do nascer do sol, noite que este ano foi abrilhantada com o espetáculo memorável da eleição da Misse Cigana 2022, realizado num parque das festas a rebentar pelas costuras, tal foi a afluência de pessoas, muitas delas oriundas dos principais destinos de emigração da europa, durante o qual a numerosa assistência, na maioria composta pela comunidade cigana, teve o privilégio e a felicidade de assistir ao magnífico desfile dum encantador grupo de jovens ciganas, todas elas espetacularmente salerosas, que durante mais de uma hora desfilaram por entre a multidão de espetadores, rendidos à sua incomparável beleza, ao seu charme único e à sua maravilhosa graciosidade.
Além de muitos outros aspetos altamente positivos desta grande noite de festa da comunidade cigana em Carção quando, com demasiada frequência, se fala tanto de racismo, de xenofobia, e da dificuldade de integração e da assimilação das comunidades ciganas e outras, se toda essa gente fanática e sectária, tivesse passado por Carção na noite do passado dia 20 de agosto para viver com toda aquela gente a lição de convívio, de partilha, de solidariedade e de alegria esfusiante deste encontro da comunidade cigana com as gentes de Carção, e não só,(de ressalvar que, é impossível evitar que possa aparecer uma ovelha ranhosa), Carção onde a comunidade cigana foi sempre recebida de braços abertos, várias famílias ciganas se radicaram, construíram as suas casas, casaram e batizaram os seus filhos, (só na minha família somos padrinhos de vários deles) e onde regressam sempre que podem para, com todos os carçonenses, celebrarem a festa da “sua santinha” advogada e protetora Nossa Senhora das Graças, toda essa gente fanática a quem restasse um pingo de honestidade, iria corar de vergonha, só lhes restando ter a nobreza de pedir desculpa e de reverterem a sua posição para com as comunidades ciganas.
Em tempo:
Por um lamentável lapso, de que peço desculpa, nos números 3896 e 3897, foi publicado o mesmo texto sob dois títulos diferentes.

Edição
3899

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