A opinião de ...

Dão-se alvíssaras

Para os menos versados nestas coisas da língua de Camões, porque, com as portas abertas pelo último acordo ortográfico, como por aí se se vai escrevendo e se vai falando, a continuar assim por mais algum tempo, faltará pouco para que isso seja tudo menos a língua portuguesa do nosso grande épico, esclareço que a palavra alvíssaras, do árabe “albixãra”, significa o “prémio que se dá a quem traz boas notícias ou entrega um objeto perdido”.(Vide Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa).
Na situação do país, no atual contexto social e político, em áreas fundamentais como a justiça, a educação, a energia, a alimentação, a segurança os incêndios, a saúde e o trabalho, estão criadas todas as condições para que, com toda a oportunidade se ofereçam alvíssaras a quem consiga descobrir uma ponta da atividade do atual governo de maioria absoluta do Dr. António Costa por onde se possa pegar-lhe , tarefa que, convenhamos, será tão difícil como encontrar uma agulha no palheiro.
Se não vejamos:
A justiça está uma vergonha de fazer cortar o mais pintado;
A assistência hospitalar está num caos que mete medo;
A situação do ensino básico e secundário é um desastre ;
A política do ensino superior é um enorme fiasco total;
Na segurança das ruas não se vê um Polícia nem um GNR;
Sair em segurança à noite em Lisboa ou no Porto é uma temeridade;
Viver no interior é um desafio ao alcance de cada vez menos gente;
A assistência social é uma miséria;
A pequena agricultura está entregue à sua sorte;
O preço da energia está pela hora da morte;
O investimento produtivo está reduzido à sua expressão mais simples;
A reorganização e a reforma administrativa não passam duma quimera;
A modernização da máquina do estado nunca mais avança;
A proteção às crianças e à 3ª idade não passa dum sonho;
O incentivo para a fixação dos jovens no interior é menos que nada;
A gestão integrada dos transportes públicos, se existe, não se dá por ela;
A incapacidade vergonhosa para localizar o novo aeroporto fala bem por si;
O indisfarçável esgotamento deste governo não faz adivinhar nada de bom;
A teimosia, a tendência controladora e a mal disfarçada propensão narcisista do atual primeiro ministro em considerar que “o seu” atual governo, se resume a ele e a mais uns tantos elementos por ele cirurgicamente selecionados de acordo com a sua estratégia de poder, ainda que continue a encher-lhe o ego e alimentar-lhe a vaidade, passado que foi pouco mais de meio ano desde que nasceu, repete-se, dão-se alvissaras a quem conseguir encontrar nele alguma ponta por onde se lhe pegue.

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3890

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