Educação e Esperança
Não obstante se assinalar todos os anos, a Semana Nacional da Educação Cristã, proposta da Igreja católica em Portugal, que decorre este ano de 06 até ao próximo dia 13 de outubro, não tem tido, a meu ver, grande repercussão.
Não que a intencionalidade e a mensagem propostas não sejam claras, pertinentes e diria até, bastante atuais, face ao que inclusive nos é dado a viver ao dia de hoje, mas que talvez a razão de tal, seja pelo simples facto de que não há propriamente propensão generalizada, em exercício de liberdade, para eminentes reflexões.
E é tão necessária a reflexão! Desde logo porque a liberdade está constantemente a exigir-nos razões para as decisões que tomamos e para assumirmos as consequências das mesmas, para que o que somos e o que queremos ser e venhamos a ser seja profundamente nosso, digno e de valor, enquanto seres livres e responsáveis.
Neste sentido vivemos tempos estranhos de menor protagonismo individual de leitura e análise existencial face a comentadores, mediáticos e mediatizados até à exaustão, num exagero que trata a generalidade das pessoas como descapacitadas de elas próprias compreenderem o mundo e a realidade, a verdade e o sentido da história e da vida.
Talvez esteja a exagerar e seja outra a razão, mais fútil, a de estarmos tão embrenhados na vida que nem demos conta quer desta Semana quer da reflexão proposta!
Ora, a mensagem para reflexão deste ano, que apesar de ser dirigida especialmente aos cristãos, é para toda a sociedade, é bastante profunda e completa.
Desde logo porque lhe subjaz um enquadramento que foi proposto pelo Papa Francisco para o ano jubilar que toda a igreja celebrará em 2025 sob inspiração de S. Paulo: “a esperança não confunde”.
Depois, e indo à substância do conteúdo, porque a Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), da Conferência Episcopal Portuguesa, em Nota Pastoral partilhada com o título “Construtores do Futuro como Peregrinos de Esperança” sublinha de modo muito feliz a interligação vivificante e vivificadora entre Educação e Esperança “como que os dois pés do caminhar da humanidade”.
Ora esta ideia é ela toda uma verdade que se nos mete pelos olhos dentro pela sua evidência.
Coloca-nos na perspetiva de Educadores, faz-nos sentir e desafia-nos a realizar uma educação para a esperança, que ajude cada pessoa, aluno, catequisando, formando, etc, a dar passos na aquisição de fundamentos para impregnar o presente existencial de sentido, para dar força e coragem para enfrentar as dificuldades e os problemas da vida e a motivar para a transformação do mundo.
Educar para a esperança é um compromisso a estar como peregrinos da esperança, em caminho pascal, cuja densidade não virá só do resultado, em abstração idealizada, mas também pelos passos dados, que nos remete para Deus que tem o primado da Esperança.
Educar para a Esperança exige um dinamismo e uma laboriosidade no aqui e agora, na Escola, na Igreja, onde quer que se esteja, responsável e responsabilizadora, em ligação com o resto da Educação. Talvez seja pelo amar a educar, o dar amor, se eduque melhor para a Esperança.