Editorial - António Gonçalves Rodrigues

O resultado esperado

Esta é uma crónica, infelizmente, anunciada.
Desde antes do verão que passou que se tem assistido a algum excesso de confiança das autoridades responsáveis que desembocou no segundo confinamento em menos de um ano.
No dia em que se cumprem exatamente dez meses desde o aparecimento do primeiro caso de covid-19 no distrito de Bragança, termina a pior semana destes dez meses, com mais de 800 casos novos, fruto, acreditam os responsáveis, dos ajuntamentos familiares por alturas do Natal.


Os efeitos que não se veem

Enquanto a vacina chega e não chega, não folgam as costas.
As recontagens que as autoridades de saúde do distrito de Bragança têm feito nas duas últimas semanas mostram-nos um cenário provocado pela pandemia muito mais negro do que aquele que vínhamos seguinte diariamente. São quase mais meia centena de mortes contabilizadas nestas duas semanas, que deixam a taxa de mortalidade acima dos dois por cento.
Mas estes são os efeitos mais visíveis e negros da pandemia. No entanto, muitos outros efeitos ficam por se ver e são igualmente nefastos.


Sair do modo 'pausa'

Estamos a apenas dois dias de deixar o ano de 2020 para trás das costas e, julgo eu, sem grandes saudades.
Há nove meses a nossa vida levou uma volta como poucos alguma vez julgaram possível.
No final de fevereiro, à margem do Conselho de Ministros descentralizado que se realizava em Bragança, a Ministra da Saúde começava a responder, pela primeira vez, a questões relacionadas com um novo coronavírus, que chegava da China mas que parecia tão distante quanto a pandemia da chamada gripe espanhola, que dizimou mais de cem milhões de pessoas no início do século XX.


A ignorância como alternativa

Ao longo dos mais de nove meses que levamos de pandemia no distrito de Bragança, muitas vozes se têm levantado contra as notícias sobre o percurso do novo coronavírus na região.
Muitas vezes, quem se insurge é porque tem rabos de palha e está, de alguma forma, comprometido. Outras vezes, trata-se apenas de ignorância.
Informação é sempre poder.
O Mensageiro tem acompanhado diariamente a evolução da situação no Nordeste Transmontano, onde nas últimas duas semanas se verificou quase a duplicação do número de casos.


O Natal defende-se agora

Nas últimas semanas, o número de pacientes infetados com o novo coronavírus sofreu uma redução considerável, sendo que, até segunda-feira, tinham recuperados mais do dobro dos novos casos (693 recuperados e 297 casos novos).
Estes números traduzem, numa primeira análise, o resultado das medidas de semi-confinamento a que vários concelhos do distrito de Bragança têm sido sujeitos.


Novos e velhos perigos

Numa nota publicada na semana passada, o Parlamento Europeu expressou "preocupação" pelo estado atual da liberdade de expressão, um dos direitos fundamentais das sociedades democráticas.
O Parlamento Europeu manifesta profunda preocupação com o estado da liberdade dos meios de comunicação social na UE e denuncia a violência e a pressão exercida sobre os jornalistas.


Sinais contraditórios

Com o agravar da situação da pandemia em Portugal, o Governo tem estado a apertar as medidas de contingência a adotar. Mas, tal como tem acontecido desde o início desta crise sanitária, a mensagem acaba por ser contraditória.
A comunicação em tempos de crise deve ser o mais simples e objetiva possível, para evitar mensagens contraditórias. E, já se sabe, os portugueses gostam de complicar. O próprio Primeiro-Ministro já pediu desculpas por esse facto.


Luz ao fundo do túnel

Duzentos e cinquenta e três dias desde o início da pandemia e o Nordeste Transmontano viveu a pior semana em termos de novos infetados.
Em sete dias, foram 485 os novos casos registados pelas autoridades de saúde do distrito de Bragança.
A ameaça de um novo confinamento paira no ar na pior altura possível para o comércio tradicional, já por si maltratado.


O filme de terror que saltou dos ecrãs para o nosso dia a dia

O texto da acusação do processo relativo à morte de Valentina, a criança de nove anos alegadamente assassinada pelo pai em maio passado, em Atouguia da Baleia (Peniche), é mais arrepiante que o mais brilhante filme de terror produzido por Hollywood.
Um terror que não é, ainda assim, comparável, ao sentido por aquela criança durante as horas de provação a que foi sujeita, precisamente por aqueles que primeiro a deviam proteger, a começar pelo pai, mas passando pelo resto da sociedade.


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