Homilia de D. Nuno Almeida na BÊNÇÃO DOS FINALISTAS DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA

Homilia de D. Nuno ALmeida na BENÇÃO DOS FINALISTAS
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA
Catedral de Bragança, 26.04.2025, 10.00H
Caríssimos finalistas, autoridades académicas, autárquicas e civis, caros amigos e amigas!
1.Quero, em primeiro lugar, saudar-vos a vós, caríssimos finalistas. Esta saudação estende-se aos que presidem, ensinam e trabalham no Instituto Politécnico de Bragança. E alarga-se às vossas famílias e a todos quantos lutaram e trabalharam convosco e vos ajudaram a chegar a este dia.
Caros finalistas, os parabéns de hoje são-vos devidos. Mas, com eles, vem também uma grande responsabilidade, pois o diploma, conquistado e merecido, não pode ser visto apenas como uma licença para construir o bem-estar pessoal, mas como um mandato para vos dedicardes a uma sociedade mais justa, mais fraterna, ou seja, mais desenvolvida, mais humana!
2. Por três vezes ouvimos, no Evangelho proclamado, a saudação pascal de Cristo: «A Paz esteja convosco». Shalom! A Paz é Cristo vivo e ressuscitado. A paz afasta todos os medos e nos abre à Esperança! Ter dúvidas, como Tomé, é caminho inteligente para a busca permanente da verdade que nos liberta!
A narração do evangelho de João apresenta-nos apóstolo Tomé, num primeiro momento duvida, mas que depois acredita. Faz uma profissão de fé, acreditando que o ressuscitado é o mesmo que foi crucificado e declara: «Meu Senhor e meu Deus!». Esta afirmação de fé, um credo, é de afeto e de pertença a Deus, como que a dizer és o meu único Senhor, o meu único Bem e único Deus.
Não é muito difícil reconhecermo-nos em Tomé, na sua dúvida, no querer ver, tocar e compreender; no não acreditar só porque nos dizem os outros.
A dúvida faz sempre bem no itinerário da vida. Precisamos de sinais como Tomé, para depois passar ao anúncio.
3.Celebrámos a Páscoa do Papa Francisco na Páscoa de Cristo e a Páscoa de Cristo na Páscoa do Papa Francisco. Vimo-lo despedir-se do Povo, numa última volta à Praça de São Pedro. E, naquele banho de multidão, realizava-se a palavra da Escritura, que hoje escutávamos: “Traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e catres para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles” (At 5,15). Ao menos a sua sombra, o seu olhar, o seu toque de ternura! Foi assim com o Papa Francisco, o sucessor de Pedro, a quem todos gostaríamos de tocar, ao menos, uma vez na vida, para tocar nele a proximidade do Senhor em carne viva. O sucessor de Pedro atraiu o olhar e a simpatia do mundo inteiro, pela sua humildade, pela sua simplicidade, pela sua alegria, pelo seu bom humor, pela sua ternura, para com todos. Hoje, todos nos abrigamos à sombra do Papa Francisco, nosso «irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em Jesus» (Ap 1,9), cujo raio de luz continuará a inspirar e a encorajar os caminhos da Igreja e os sonhos de paz para o nosso mundo.
De 13 de março de 2013 a 21 de abril de 2025, o Papa Francisco percorreu os caminhos do mundo, enchendo-os do Evangelho de Cristo. Francisco foi ao encontro de todos, sobretudo dos mais pobres, fragilizados, doentes, reclusos e descartados. Nos gestos e palavras do Papa Francisco, aprendemos a mesma língua da Bíblia: o “amorês”! Muito diferente do “matematicês” que predomina no nosso mundo. O Papa Francisco ensinou-nos, assim, muitas coisas belas. Denunciou a violência e a prepotência, e cultivou «a santa pobreza» à maneira do seu inspirador e protetor, Francisco de Assis. Lutou contra todas as guerras e divisões, e quis dar ao mundo o sabor da paz e da fraternidade. Partiu para a casa do Pai. Para o pátria que há muito ansiava, e deixou-nos muitos trabalhos de casa.
Que o Senhor que conceda, ao Papa Francisco, o eterno descanso. Nós teremos de continuar a missão que nos deixou em herança, e que recebemos de Jesus Cristo Ressuscitado.
4.Gostaria de fazer ecoar, de novo, palavras do Papa Francisco - de quem hoje nos despedimos com respeito, gratidão e já com saudades - na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, a alunos do ensino superior: “Amigos, permiti que vos diga: procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. E é precisa coragem para pensar assim. Por isso sede protagonistas duma «nova coreografia» que coloque no centro a pessoa humana, sede coreógrafos da dança da vida. (…). Por isso, tende a coragem de substituir os medos pelos sonhos: substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!”
5.Faço votos de que o IPB continue a ser e cada vez mais uma comunidade educativa viva, aberta à realidade e consciente de que os valores humanos e espirituais não se limitam a servir de ornamento, mas dão sabor, sentido e esperança à vida.
Uma tradição medieval conta que quando os peregrinos se cruzavam no Caminho de Santiago, um saudava o outro exclamando «Ultreia» ao que este respondia «et Suseia». Trata-se de expressões de encorajamento para prosseguir a busca e o risco da caminhada, dizendo-se mutuamente: «Vai mais longe e mais alto!» «Coragem, força, anda para diante!» E isto é o que também eu vos desejo, de todo o meu coração, a todos vós, queridos finalistas: Ide mais longe e mais alto! Sede protagonistas de uma nova humanidade! Nunca esqueçais o encontro com Jesus Cristo, bênção e Luz que ilumina o vosso futuro!
Que a bênção de Deus, que vai derramar-se através do mistério da água, possa dessedentar a vossa sede de felicidade e de paz!
A todos, o Senhor conceda, por meio da sua Mãe, a Senhoras das Graças, que veneramos nesta cidade e nesta Catedral, a alegria da Esperança num mundo melhor e mais humano! Que a Paz da Páscoa continue!
+Nuno Almeida
Bispo de Bragança-Miranda