IPB avança para criação de comunidade energética para poupar na fatura da luz

O Instituto Politécnico de Bragança vai avançar para a criação de uma comunidade de energia, com o objetivo de poupar na fatura da eletricidade.
“O IPB vai constituir uma comunidade de energia com 14 pontos de consumo (CPE). Ficarão instalados em quatro locais”, anunciou Vicente Leite, investigador da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG).
A candidatura foi aprovada há uma semana e vai avançar nos próximos meses.
“Abrange todos os edifícios num raio de dois quilómetros. Estamos a falar dos edifícios do campus de Santa Apolónia, as residências de estudantes na cidade, o campus desportivo, a Escola de Saúde. Só não inclui dois pontos nas quintas”, adiantou Vicente Leite, à margem da apresentação do projeto da CIM Terras de Trás-os-Montes de recuperação de património industrial da região.
“Vamos colocar os painéis nas coberturas. O valor ronda os 500 mil euros”, frisou.
De acordo com o mesmo investigador, as poupanças serão consideráveis.
“Permitirá uma grande poupança de energia. Vamos consumir cerca de 80 por cento dessa energia produzida. As sobras, de cerca de 20 por cento, vão acontecer sobretudo nos meses de julho e agosto, fins de semana, férias e feriados. A poupança será superior a 60 por cento. Será uma ajuda significativa”, precisou Vicente Leite.
O docente acredita que “devia haver uma revisão da conceção do modelo de produção e distribuição de energia”. “Não é possível a uma pessoa facilmente ter a sua produção e injetá-la na rede de forma a ser recompensada por isso. Compreendo que deva haver limites para a produção em cada habitação para a potência de consumo. O que não faz sentido é haver excesso e ir para a rede a custos zero.
É uma legislação difícil por causa do modelo económico de gestão de rede”, disse.
“As empresas não deixavam de ter serviços. O facto de as pessoas não poderem instalar sistemas simples e obrigar à acumulação porque não pode vender, leva a uma proliferação de sistemas de armazenamento, e isso leva a que os sistemas sejam cada vez mais complexos, as empresas não conseguem dar resposta porque depois não há mercado para isso, porque é cada vez mais caro e complexo. E é caro não só na aquisição mas, também, na manutenção. Por exemplo, no Brasil há créditos de energia”, explicou.
Vicente Leite lembra que em Portugal “já é possível com as comunidades de energia, que permitem que as pessoas formem um consórcio e utilizem em conjunto”. “Sobra de um consumidor e outro pode usar a preço mais baixo. Mas a minha experiência leva-me a acreditar que este tipo de modelo, em Portugal, não vai funcionar porque as pessoas têm dificuldade em associar-se”, completou.