A opinião de ...

A Agricultura e o ambiente

Ao longo de séculos, os poucos transmontanos que por cá andavam, foram cuidando da paisagem da sua região com afinco.
A agricultura, de subsistência, com solos pouco férteis, ao contrário do que acontecia em zonas do Minho ou Ribatejo e sem a mesma extensão de terra disponível para cultivo como no Alentejo, teve um papel fundamental. Era a terra que havia e os nossos antepassados cuidaram dela o melhor que podiam.
De tal forma, que chegou aos nossos dias fazendo do Nordeste Transmontano um ex libris de natureza e Biodiversidade, que possibilitou a criação de três parques naturais só no Distrito de Bragança (Montesinho, Douro Internacional e Vale do Tua).
Nos últimos anos, sobretudo com a vigência da Política Agrícola Comum (PAC), imposta pela adesão de Portugal à União Europeia, a agricultura da região conheceu uma grande transformação.
A mão de obra escasseou e a mecanização tornou-se mais do que uma moda ou um luxo, numa necessidade.
Qualquer agricultor da região sabe hoje em dia que tem de conseguir fazer o máximo de tarefas por si só pois se precisar de ajuda dificilmente a vai encontrar, mesmo pagando.
Agora, a agricultura da região está prestes a sofrer outra grande transformação. Mis do que discutir se há ou não alterações climáticas provocadas pela ação do homem, temos de discutir o que fazer com as alterações que ocorreram com a meteorologia, estações do ano, disponibilidade de água.
É que isso já é um fenómeno preente.
Quando o país caminha para uma regressão da população (esperam-se menos três milhões de portugueses nos próximos 50 anos), o distrito de Bragança será das regiões mais afetadas pelo despovoamento.
Ora, fixar pessoas neste território implica olhar para a agricultura com olhos de ver e tomar medidas efetivas quanto antes, sob pena de se estar a atirar dinheiro para cima de problemas sem, verdadeiramente, pensar em soluções.
“É necessário acelerar esta mudança de rumo, em favor de uma cultura do cuidado, como se cuidam das crianças, que coloque no centro a dignidade humana e o bem comum, e que se alimente daquela aliança entre o ser humano e o ambiente que deve ser um espelho do amor criador de Deus, de quem viemos e para o qual caminhamos”, apontou o Papa Francisco, a propósito do DIa Mundial do Ambiente.
As chuvadas fora de tempo, as inundações e a destruição de culturas que se têm verificado são apenas a ilustração das palavras do Sumo Pontície.

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