A opinião de ...

Quando as pretensas condições para governar são pretexto para tudo e o seu contrário.

Passada mais uma semana negra depois dos lamentáveis acontecimentos na área do ministério das Infra Estruturas, o país político, mas não só, continua a ser mimoseado com um chorrilho de mentiras e meias verdades, de afirmações e contra informações, de desculpas e justificações sem pés nem cabeça e sem fim à vista, na esperança de que apareça alguém com responsabilidade, vergonha e conhecimento de causa que, de uma vez por todas, tenha a coragem e a hombridade de vir a público e, numa linguagem inteligível para toda a gente, explique ao país o que realmente aconteceu no referido ministério que desencadeou neste governo mais uma crise difícil de avaliar que o abalou ainda mais, fazendo-o tremer pela base, o atual governo de maioria.
Perante a autentica “bagunçada” em que transformaram, ou deixaram que se transformasse a vida do país real, o mínimo que se espera de todos os promotores, realizadores e atores desta autêntica ópera bufa, é que ainda apareça alguém com um mínimo de vergonha e a coragem necessária para explicar às pessoas o baixíssimo nível de qualidade e competência demonstrado por todos os intervenientes, sem exceção, na pré e na pós abordagem aos fatos em causa, tanto pela maneira leviana como os encararam, como, e muito especialmente, pela falta de dignidade como todos, se exceção, continuam a branquear a sua conduta e a não assumirem as suas responsabilidades, de que é exemplo paradigmático a atitude do “então”, depois “eis” e agora “de novo” ministro das Infra Estruturas.
Ao contrário do que tem sido o procedimento do Dr. João Galamba, não há memória, nem mesmo nos anos sombrios da ditadura fascista, que houvesse qualquer governante que, depois de o Presidente da República não lhe reconhecer capacidade, fiabilidade, credibilidade, respeitabilidade e autoridade para continuar como ministro, em vez de fazer a sua auto crítica e agir em conformidade, tenha optado pela farsa do “faz que se demite mas não se emite”, pelo pavonear das suas capacidades e condições para continuar a ser a vedeta do governo e fazer orelhas moucas ao aviso do Presidente da República quando lhe disse que, “nada se apaga dizendo que já passou. Não passou, nunca passa e reaparece todos os dias, meses e anos” , e que pediu a sua demissão “por razões de interesse nacional.”
Depois de mais esta trovoada que desabou sobre o governo, quando vierem a público respostas a perguntas como o porquê da entrada em cena do CIS, se houve ou não houve roubo, quem mente e quem diz a verdade, do secretismo dos inquéritos, da gravidade do que estaria guardado no malfadado computador do fiel adjunto do ministro e de quem encenou a sua entrega na via pública, é muito provável que, para muita gente, ainda que tarde, parafraseando o saudoso Zeca Afonso, “ Tenha chegado a hora de arrumar a trouxa e zarpar”.

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