Buonos dies doutor hoije yá stou melhor
Passava pouco das nove horas e meia quando um grupo de quatro dezenas de rapazes e rapazas da Escola Secundária de Miranda do Douro chegaram ao Grande Auditório da Fundação Champalimaud, com meia hora de antecedência, relativamente à hora programada. Curiosos, apesar do cansaço, com algum sono à mistura e muita excitação nos mais atentos, foram recebidos com a exibição de dois filmes sobre a atividade da Fundação, desde a o ato fundador até à investigação de ponta, a nível mundial, passando pelos cuidados médicos, sem esquecer o Prémio Visão, já famoso em todo o mundo, não só pelo elevado valor em jogo mas também, e sobretudo, pelos resultados já conhecidos, mormente nas zonas mais pobres e carenciadas do nosso planeta. Antes de se dar início a uma visita guiada pelos três polos atuais, na Doca de Pedrouços, a chefe do grupo de procura e apoio ao financiamento das atividades científicas, Joana Lamego, teve uma animada conversa com todos os alunos mirandeses, de que daremos nota, mais adiante, pela importância e singularidade da revelação, ali trazida.
Divididos em dois grupos, os visitantes foram conduzidos às instalações laboratoriais de investigação passando por uma breve visita possível (para não perturbar a operação clínica) pelas instalações hospitalares de receção e de apoio aos doentes. Foi-lhe mostrada a antiga lota da DocaPesca onde vai nascer um inovador polo de pesquisa em Inteligência Artificial de cariz médico para receber várias equipas de cientistas da Champalimaud bem como de outras instituições que pretendam aproveitar o ambiente especialmente desenvolvido para as novíssimas tecnologias e, ao mesmo tempo, colaborar ao mais alto nível nas enormes e relevantes descobertas que aqui irão acontecer, a muito breve trecho e que estão já a ser negociadas pelos respetivos responsáveis. No terceiro polo, marcado pelo seu caráter filantrópico, pois quer a construção quer a principal investigação a desenvolver na próxima década é suportada por donativos privadas, das famílias Botton e Wurth, desenvolve-se o combate ao mais mortífero dos cancros, o do pâncreas, quer ao nível do tratamento (com a introdução de técnicas inovadoras) quer ao nível da investigação com recurso a ferramentas de Inteligência Artificial apoiadas no maior e mais completo BioBanco nacional, em construção. A vista completou-se com a passagem pelo Hospital de Dia.
O regresso ao auditório, para recolher a caixa de cartão com o almoço, foi o momento para as despedidas e, adequadamente, fazer já um pequeno balanço da aventura por terras fidalgas com realce para a revelação surpresa feita pela já referida Joana Lamego. A “investigadora reformada”, como gosta de se autointitular, depois de espicaçar a curiosidade dos ouvintes e de testar a atenção com que acompanharam a projeção no grande ecrã trouxe a grande revelação. Entre os vários projetos com que está a lidar e a candidatar às várias instâncias para financiamento há um, muito particular, elaborado com muito carinho e empenho pois pode constituir um marco na prática clínica: a Fundação Champalimaud, juntamente com parceiros nacionais e internacionais está a desenvolver uma terapia não invasiva de tratamento de doenças neurodegenerativas com recurso a um robot que vai permitir que o doente possa dialogar com o médico e pessoal de apoio, na sua língua nativa, qualquer que ela seja. Sim, uma das línguas que está no rol das que integrarão o cardápio inicial será, justamente, o Mirandês!