A opinião de ...

Reflexões sobre “Isto anda tudo ligado” - Alterações climáticas, economia e saúde

Primeiro – As alterações climáticas . Passo a invocar uma figura frágil fisicamente, mas mentalmente forte: Greta Thunberg. De convicções urge falar, porque navegamos num marasmo, nesta quase ausência suspeita em que vivemos em matéria de alterações climáticas e suas consequências.
Para Greta, para os jovens, em geral, é imprescindível o desenvolvimento sustentável, não o puro crescimento económico – conceitos diferentes. Ela acusou os governantes: “Os adultos continuam a dizer que devemos dar esperança aos jovens. Mas eu não quero a vossa esperança. Quero que actuem como se a casa estivesse a arder, porque ela já está a arder» (apud Expresso/Revista, 26.10.2019). Não podemos ficar indiferentes ao que se passa na Indochina, Amazónia, Etiópia e noutras partes do Planeta no que respeita às catástrofes provocadas pela intervenção do Homem, que ocorrem longe, porém respeitam a todas as sociedades do Planeta.
Segundo - A Economia
Vejamos alguns factos relativos ao que se passa no Mundo no que respeita à economia. A Revista Courrier Internacional, de Janeiro de 2023, Nº. 323, trazia esta notícia de Capa: Os Grandes Milionários são uma ameaça à democracia?
É oportuno saber como a riqueza está distribuída pelos países.
Assim:
a) Riquezas individuais:
Segundo as estatísticas mais recentes (Lista Forbes de 2023 e de 2024), havia em 2023 14 pessoas com uma fortuna de mais de 100 biliões de dólares, incluindo nomes como os bilionários Elon Musk, Warren Buffett, Bill Gates.
b) Os números não enganam:
Os 10% mais ricos controlam 76% da riqueza global; 50% mais pobres ficam com 2%. Estes bilionários são os patrões da tecnologia da informação, detêm um poder relevante, impõem os seus pontos de vista aos governos. Eles dominam a informação global, o que empobrece a capacidade de reflexão dos cidadãos, facto aproveitado, através de uma linguagem prenhe de equívocos, pelos movimentos populistas por este Mundo fora.
Terceiro - A saúde
Há imensos trabalhos sobre esta relação. Apenas faço algumas referências a alguns aspetos para tal reflexão.
Assim: 1.º A saúde está umbilicalmente dependente da pobreza, da fome, da falta de trabalho, também às alterações climáticas provocadas pelo Homem. Pobreza e saúde estão intimamente ligadas. Pessoas pobres não têm recursos para aceder a determinados tratamentos. E, consequentemente, decorrerá uma elevada incidência de doenças em determinadas regiões que não se confina apenas a África ou América, já envolvem outros territórios.
2.º A ausência de políticas sérias sobre as alterações climáticas, provoca uma redução drástica da produção de alimentos básicos, e incide directamente na segurança alimentar da população com menos recursos.
3.º A pobreza tem o rosto das mulheres – afirma-se. Eis um processo que custa a aceitar, uma vez que as mulheres são o elemento sagrado da vida do Homem.
4.º A fome e a desnutrição, por um lado, e o surgimento de epidemias, por outro, contribuem para o aparecimento de pandemias, e consequentemente, para a perda de vidas, sobretudo de crianças e mulheres.
Interroguemo-nos: Em que medida estamos a contribuir para uma Vida Melhor? De que modo as alterações climáticas empobrecem as sociedades mais fragilizadas, e lhes provocam doenças? Têm razão Greta e o Movimento sobre o que estão fazendo os adultos?
Fica uma ideia preconizada pela ONU: «se todos os países ricos direcionarem apenas 1% dos seus rendimentos para o combate à pobreza, seríamos capazes de acabar com este problema em menos de 20 anos».

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