A opinião de ...

Igreja de São Pedro, Mós. “Ubi Petrus, ibi Ecclesia”!

No lado Nascente das “fraldas” da Serra da Nogueira, cerca de 10km a Sul de Bragança, encontra-se a aldeia de Mós, sede de freguesia que anexa a de Paçó. Localidade existente desde a Fundação da Nacionalidade, pertencia ao Mosteiro do Castro de Avelãs em 1258. Mós esteve durante séculos ligada à então vila e sede de concelho Rebordãos, em termos administrativos e religiosos. Razão para a aldeia ser designada, até 1936, por Mós de Rebordãos. Configurada no sentido Norte-Sul, é irrigada por linhas de água derivadas do rio Sabor, com destaque para a Ribeira do Penacal, a garantir boa atividade agrícola e de pastorícia. Apresenta um bem preservado património, nomeadamente a Forja, o Moinho e o Lavadouro comunitários, a Fonte do Mergulho, pombais e a Igreja Paroquial de São Pedro, implantada em posição central, e a Capela de São Tiago, situada no extremo Norte da aldeia. A Igreja de São Pedro foi reconstruída em meados do século XVIII, contendo então, além do altar-mor, dois altares na nave, aparentemente insertos nos meios arcossólios existentes, dedicados ao Santo Cristo e a Nossa Senhora do Rosário. Tinha Irmandade do Santíssimo Sacramento. Os altares mantêm-se, os da nave posicionados colateralmente nas paredes que ladeiam o arco triunfal e a imagem do Sagrado Coração de Jesus substituiu a de Santo Cristo, no lado do evangelho. Estes dois altares, de eixo único e talha cor creme, costeiras azuladas a floreados e decoração dourada, são gémeos: mesa em forma de urna; colunas espiraladas de fuste à base de pâmpanos, acantos e fénices, à semelhança da arquivolta do ático, e capitel a remeter para o coríntio; espaldar cimeiro concheado. A nave, de piso em soalho e laje de mármore, paredes rebocadas e pintadas de branco e teto em madeira tipo berço, tem na parte fundeira coro-alto de madeira, balaustrado, com escadas de acesso do lado da epístola. Do lado do evangelho consta o compartimento do batistério e púlpito simples com escadas em granito adossadas à parede. A capela-mor, separada por arco triunfal de granito, é mais estreita que a nave e apresenta um altar de tipologia rocaille, restaurado, à semelhança de todo o conjunto, em 2004. Em talha policromada e dourada, o retábulo apresenta duas colunas avançadas assentes em consolas, com fuste liso e capitel coríntio. Em tribuna profunda, com costeira pintada a floreados de azul e arco ondulado, expõe-se o Orago São Pedro com vestes e atributos pontifícios, sobre trono de ascendente escalonamento triplo. É ladeado, no lado do evangelho, por imagens de Santo António e São José, sobre peanha, e Santa Teresinha de Jesus e Santo Estevão, no da epístola. De ático recortado, o resplendor contém três rostos angélicos e fénix. O teto é apainelado a caixotões moldurados, com pinturas da Virgem Maria ladeada pelas de São Pedro e São Paulo, sendo os restantes de motivos vegetalistas. Do lado do evangelho está a porta de acesso à sacristia. Olhando exteriormente para o Templo, voltado para o arruamento e com adro murado, da traça arquitectónica setecentista sobressai o frontispício. O portal, aparelhado em granito, tem pilastras exteriores almofadas, tal como as jambas, e dintel recortado. Sobre o entablamento reto alinham-se nos extremos pináculos com bola e ao centro frontão triangular definido por volutas interrompidas por cruz trevolada. No tímpano mostra-se imagem de São Pedro em granito, em nicho com dossel e mísula concheados. O frontão é ladeado por óculos circulares a dar luz para o coro-alto. A empena é truncada pelo campanário, com duplo vão em arco de volta perfeita a acolher os sinos. É coroado por cruz latina entre aletas, com pináculos de barretina iguais aos que encimam os pilares que enquadram o frontispício. O acesso é feito por escadas de ferro do lado esquerdo. “Onde está a Igreja não há morte senão a vida eterna”!

 

São Pedro

Igreja Matriz de Mos

Edição
3994

Assinaturas MDB