A opinião de ...

A pensar nos polícias

A Escola Prática de Polícia (EPP) é um estabelecimento de ensino policial. É considerada a casa-mãe dos polícias. Iniciou funções em 1967 com um curso de promoção a subchefes. A primeira Escola de Alistados decorreu em 1968 com 379 alunos. Desde então tem formado todos os polícias da PSP, num total de 46.780. A exceção são os oficiais formados no atual ISCPSI, que iniciou funções no ano letivo de 1984/85. O 38.º Curso de Formação de Oficiais, com 35 alunos começou em Setembro.
A EPP organiza e ministra os cursos de formação de agentes e de promoção de agentes a chefes. É responsável por cursos de especialização, estágios de aperfeiçoamento e ações de formação permanente do efetivo policial. Assegura aos novos polícias uma formação humanista e técnico-policial que possibilita o exercício da função com civismo e eficiência. Desenvolve nos alunos e profissionais um elevado sentido do dever e da honra e os atributos de caráter, de modo especial a integridade ética, o espírito da disciplina e a noção de responsabilidade (www.psp.pt)
A propósito do assunto focado no editorial deste jornal, pelo seu ilustre director, sob o título “Pensar o país não é isto” na edição n.º 3854, de 14.10.2021, em que questiona a colocação de todos os novos agentes de polícia (744), formados no último curso, no Comando de Lisboa, em que parece dar razão ao tão conhecido ditado centralizador de que “O país é Lisboa… o resto é paisagem”. Não que a segurança não seja igualmente necessária nas áreas metropolitanas, como é Lisboa, como nas zonas de baixa densidade populacional, como agora chamam ao nosso interior provinciano. Bem sabemos nós da mais que evidente inclinação do mapa para o litoral. A concentração de poder na capital sempre aconteceu. A desproporção de meios e recursos, de oportunidades e serviços, logo riqueza, é cada vez maior.
No caso da colocação dos novos polícias será apenas uma questão de política de gestão de recursos humanos que vem sendo praticada há muitos anos e que parece não haver capacidade para alterar de forma substancial. Claro que Lisboa é o distrito que possui maior efetivo policial e, desde logo, onde a necessidade de pessoas é maior e com mais oportunidades. Em Lisboa há alguns milhares de polícias, com pedido de colocação em todos os outros distritos do continente, com mais ou menos tempo de serviço, mas muitos com mais de 10 e até 20 anos. Como é que se podiam colocar agora jovens polícias neste locais prejudicando os mais antigos? De facto parece uma impossibilidade. Os Comandos de Polícia do interior continuarão envelhecidos, com médias etárias próximas dos 50 anos. Poderia implementar-se o recrutamento local em vez do nacional. Durante alguns anos de transição, o recrutamento local só seria feito para Lisboa, até a grande maioria dos que aguardam colocação noutro Comando ser transferida. Para isso seria necessário uma nova visão na gestão social das pessoas, com realce para a importância da sua realização profissional e o seu contributo para a excelência do serviço de segurança pública e que houvesse querer e poder político que o permitisse.

Edição
3855

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