A opinião de ...

O não é não?

Conhecidos os resultados eleitorais, conhece-se também o novo primeiro ministro Dr. Luís Montenegro. Uma das frases que marcou a campanha eleitoral foi “o não é não” do indigitado primeiro ministro, relativamente a um possível governo que incluísse elementos do Chega. Manter a palavra dada é fundamental para que a política seja credível e para que os seus principais protagonistas possam ser e parecer pessoas de bem.

De acordo com os resultados eleitorais, todo o sucesso, ou insucesso, do futuro governo depende diretamente da AD, e indiretamente do PS e do Chega, podendo em algumas circunstâncias as restantes forças políticas com deputados na Assembleia da República terem algum contributo.

Porque o “não é não”, não existe qualquer justificação pelo facto de a AD governar sem o Chega que impeça a realização de acordos pontuais com qualquer das forças políticas com representação parlamentar, esperando-se apenas que estas se comportem de forma elevada e respeitem as regras democráticas e as relações pessoais, organizacionais e políticas próprias de um país democrático. Deseja-se que entre todas se cultive o desenvolvimento de interações permanentes que permitam a melhoria das propostas em discussão e a sua avaliação. Neste sentido, cada força política deve votar a favor das propostas com que concorda, votar contra as que discorda e abster-se nas restantes.

Porquê acreditar que o facto do Chega integrar o governo o tornaria mais coeso e mais duradoiro? Existem muitas posições divergentes e contraditórias entre a AD e o Chega. As ideias muito divergentes, quando levadas até à exaustão, destruiriam mais o governo se estivessem permanentemente presentes no seu interior do que o destruirão em situações particulares que possam ocorrer. Devem-se respeitar as posições assumidas na campanha eleitoral, se é verdade que o Chega teve mais de um milhão de votos e gostaria de fazer parte do governo, também é verdade que AD teve muitos mais votos que o Chega e assumiu que governaria sem incluir o Chega.

A democracia fundamenta-se na representatividade e na partilha de opiniões e de decisões. Quando não existe maioria absoluta governa-se com decisões que satisfaçam as maiorias que se consigam formar na avaliação de cada proposta.

Cada partido ou coligação defendeu o seu programa eleitoral, o povo escolheu, e é em função dessa escolha e das propostas apresentadas que se deve governar, tendo presente que as decisões dos últimos oito anos foram, essencialmente, do PS e espera-se que as decisões dos próximas quatro anos sejam, essencialmente, da AD.

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