A opinião de ...

COVID-19, A MÃE DE MUITAS OUTRAS PANDEMIAS

Já passaram quinze meses desde que, qual ladrão que ataca pela calada da noite, ou má sorte que nos persegue em todas as horas do dia, sem se anunciar, O Covid -19 invadiu as nossas vidas, tomou conta do nosso presente, pôs em risco o nosso futuro, condicionando até a sobrevivência de toda a humanidade.
E as consequências negativas aí estão à vista, só não as vendo quem for cego, não as quiser ver ou, por ignorância, estupidez e egoísmo, prefere passar ao lado das responsabilidades para consigo e para com os outros.
É inegável como, pelo imprevisível da situação e pela velocidade estonteante como se espalhou, quase do dia para a noite, tomou conta do mundo e alterou as nossas vidas, como se no mundo não houvesse mais vida para viver nem mais nada por que lutar.
Muito pela gravidade da doença, mas não menos pela maneira como a Covid foi encarada pelas entidades envolvidas neste processo e pela divulgação desastrosa feita pela comunicação social, (tantas vezes escrava de interesses comerciais ou outros e quase sempre desvirtuada por um sensacionalismo balofo, inútil e desajustado da realidade), ela acabou por fazer parte da nossa vida, seguir todos os nossos passos, acompanhar-nos a toda a hora, sentar-se à nossa mesa, dormir na nossa cama e condicionar-nos no trabalho e no descanso, não deixando tempo para sermos nós próprios nem força para reagir a esta situação angustiante em que todos nos encontramos e que, quase sem se dar por isso, criou as condições ideais para o aparecimento de gravíssimas pandemias na saúde e na economia.
Com o desvio para o tratamento da Covid -19 de grande parte dos meios humanos, técnicos e materiais, ficou cada vez mais limitada a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde e, se nada for feito para conter o crescimento exponencial das listas de espera, a muito curto prazo, será difícil conseguir, em tempo útil, uma simples consulta de clínica geral e se não mesmo impossível nas outras especialidades.
A crise económica e social estão aí e, se nada for feito para as travar, ameaçam afundar o mundo numa crise sem precedentes.
A cada dia que passa, os pobres vão sendo cada vez mais e cada vez mais pobres, sem qualquer possibilidade de satisfazerem necessidades tão básicas como uma alimentação capaz ou de disporem de uma casa para viver com condições mínimas de dignidade habitabilidade, vítimas da assustadora perda de postos de trabalho, transversal a todos os países e a todas as categorias sociais ou profissionais que não poupa ninguém, desde a base às mais elevadas categorias de gestão de chefia ou de direção.
Porque, não havendo trabalho, não há rendimentos nem descontos e ninguém pode repartir o que não tem, os sistemas de segurança social correm sérios riscos de colapso total, com as consequências catastróficas daí resultantes que, fatalmente e como sempre, atingirão com especial dureza os mais pobres, os mais frágeis e os mais desprotegidos.

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