A opinião de ...

erante a ideia peregrina passada na conferência de imprensa realizada no dia seguinte à fuga dos cinco perigosos cadastrados, na qual os participantes naquela espécie de velório, em vez de cada um assumir a cota parte das suas responsabilidades, tudo se resumiu a uma tentativa falhada de todos sacudirem a água do seu capote, não deixando a mínima dúvida que o que aconteceu naquele que era tido como um estabelecimento prisional de alta segurança, não aconteceu porque “alguma coisa correu mal”, mas porque ”tudo correu criminosa e escandalosamente mal”.
Sem desculpas, subterfúgios ou eufemismos, sejamos claros e honestos, porque este autentico desastre foi o colapso estrondoso dum sistema prisional a cair de podre, consequência inevitável da política errática e irracional, adotada há já muitos anos nos estabelecimentos prisionais, em cuja gestão, ano após ano, problemas como a falta de disciplina e de pessoal e a degradação das instalações, são varridos para debaixo dos tapetes, à espera que, por milagre, as soluções caiam do céu aos trambolhões.
Só que milagres são coisas cada vez mais raras , o desleixo e as asneiras foram-se acumulando e a inevitável derrocada aconteceu, deixando nu tanto as fragilidades do sistema, como esta e muitas outras falhas gravíssimas de responsabilidade a todos os níveis, a exigirem uma cabal e rápida explicação, e que delas se extraiam todas as consequências.
Atendendo ao estado de degradação em que o sistema prisional se encontra, porque ontem já era tarde, exige-se que, de imediato, respeitado tanto o código dos direitos como o código dos deveres de todos os cidadãos, se implementem todas as medidas indispensáveis para inverter a situação a que as coisas chegaram, começando, por limpa-lo em áreas vitais como a ordem, a disciplina e a segurança, de todos os conceitos, fantasias e teorias filhas bastardas de sonhadores mentecaptos, que o transformaram na aberração ridícula e anedótica em que se encontra.
Concorde-se ou não, acabou o tempo de, a pretexto de preparar os reclusos para a reinserção social, continuar a fazer das cadeias estâncias grátis para descanso e veraneio de criminosos de toda a espécie, com direito a mordomias, luxos e regalias, com cama mesa e roupa lavada, alimentação de qualidade, assistência médica e medicamentosa, serviços de fisioterapia, ginásios de musculação, aulas de judo, centros sem controle de tráfico de droga e outros negócios escuros, instalação no exterior á luz do dia de escadas e cordas para treino de escalada de muros, acesso livre a telemóveis, internet, televisão e outras finesses, como visitas intimas dentro das cadeias em instalações confortáveis e adequadas, sair para cantar ópera e integrar grupos de teatro, regalias, infelizmente, fora do alcance de muitos milhares de portugueses que, de sol a sol, mourejam uma vida inteira para, sem qualquer auxílio, levarem uma vida digna e honesta e fazerem face às despesas do dia a dia das suas famílias.
Nas condições atuais, não tem sentido reinserir cadastrados na sociedade de que ele próprio se excluíram, sem que eles próprios, perante a sociedade, assumam e reparem as consequências dos seus crimes.