A opinião de ...

O Estado do Orçamento de Estado para o ano de 2022

Desde que a elaboração do Orçamento de Estado para o ano de 2022 passou a ser notícia, foram queimados meses sem conta em reuniões por tudo e para nada, declarações de compromisso, de amizade e de fidelidade, estudo de táticas e de estratégias subterrâneas, avanços e recuos por dar cá aquela palha e tomadas de posição sem sentido, sem nexo e sem qualquer interesse para a elaboração do orçamento de estado, acabando por tornar numa guerra de interesses surda e suja, o que poderia e deveria ser apenas a elaboração de um documento sério e honesto, vital para a gestão criteriosa e responsável do dia a dia do país, tendo como objetivo rentabilizar até à exaustão os parcos recursos disponíveis, muito à semelhança do que qualquer empresa bem organizada deve fazer.
Depois de carradas de demagogia barata e de charlatanice insuportável, com que cada um dos intervenientes, como se o mundo começasse e acabasse no seu quintal, procurou desesperadamente “puxar a brasa só para a sua sardinha”, finalmente que a ditadura dos prazos a cumprir deixou quase sem espaço de manobra todos os atores desta espécie de melodrama montado pelos habituais figurantes e figurões da política da nossa praça que, de tão preocupados em continuar a exibir os seus refinados dotes histriónicos, se esqueceram dos interesses da maioria dos votantes e contribuintes que com os seus votos e os seus impostos, continuam a garantir-lhes sem sobressaltos os seus cómodos lugarzinhos à mesa dos orçamentos de estado.
Bem mais grave ainda, é que não se apercebem, ou fingem que não vêm, o desencanto, o alheamento e o desinteresse das pessoas “pela política dos políticos” que, escravos dos seus interesses particulares e/ou de grupo, depois de quase meio século de regime democrático, em pleno século vinte e um, depois de seis meses queimados com dicas e tricas ridículas e na véspera da votação na generalidade do OGE para 2022 praticamente na estaca zero, ainda têm o desplante e a falta de vergonha de aparecerem nas televisões como se nada acontecesse e nada fosse a com eles.
Responsáveis não faltam, têm nome, há explicações de sobra e são muitas e variadas as causas da situação a que tudo isto chegou, com particular estupidez supina a tentativa de transformar numa miserável campanha ideológica de afirmação dos princípios e interesses partidários, sem qualquer preocupação com o bem comum, ignorando que a elaboração honesta e transparente de qualquer orçamento, tem de cingir-se apenas à orçamentação prudente das previsíveis receitas a arrecadar para cobertura das despesas inerentes ao seu regular funcionamento.
Deste descontrolado e arrasador tsunami político que se avizinha, o grande responsável tem nome e chama-se Dr. António Costa, acolitado pelos seus camaradas e amigos da geringonça de interesses, que ele fez e batizou, na qual se foi escudando sempre que lhe convinha para ir alcançando os seus objetivos, e da qual acabou por ficar refém até cair neste enorme buraco, donde já nem o seu melhor e maior amigo tem capacidade nem interesse em o ajudar a sair.

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3856

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