A opinião de ...

SANTOS POPULARES, POLÍTICA E FUTEBOL PONHAM-SE A GEITO E DEPOIS DIGAM QUE NINGUÉM AVISOU!…

Ainda que sem a solenidade e a pompa habitual dos outros anos , não obstante a atual e muito complicada situação de pandemia causada pelo malfadado Covid-19, sem as grandes sardinhadas e concentrações de pessoas, os cortejos, as rusgas e os desfiles, os tradicionais balões, os espetáculos deslumbrantes de fogo de artifício, o perfume dos manjericos, os cumprimentos com “o perfume” dos alhos porros e a barulheira irritante dos milhares de martelinhos, mesmo assim, com muito querer, trabalho e imaginação, o nosso povo teve o engenho e a arte suficientes para contornar todas as dificuldades com que se foi confrontando e, com mais ou menos brilho e solenidade, dentro do possível, conseguiu celebrar condignamente o santinho da sua devoção, seja ele o casamenteiro S. António de Lisboa, o rapioqueiro S. João das gentes da Invicta cidade do Porto, ou o S. Pedro dos homens do mar da Póvoa de Varzim, esse venerando e eterno claviculário das portas do paraíso.
Mas, porque cá para a gente, a festa é mesmo a sério ou a coisa azeda e temos o caldo entornado, as coisas nunca poderiam ficar só por aí e, com o beneplácito de Belém, até S. Bento que, segundo rezam as crónicas, nunca teria sido especialmente devoto de arraiais, festas e romarias, resolveu despir-se de preconceitos e entrar na grande farra.
Para gáudio de muita da sua gente, continuou a abençoar o escandaloso regabofe iniciado no passado mês de maio de má memória, ainda bem na lembrança de todos nós, tudo fazendo para que este verão possa continuar ser uma grande borga, repleta de afirmações demagógicas, decisões tardias, inúteis, descontextualizadas e incompreensíveis, cada qual a mais ridícula, lamentável e anedótica, criando assim todas as condições para que esta fase conturbada da nossa história atual, rapidamente, e com todo o mérito, se transforme numa das maiores páginas do nosso já longo, tristemente celebre e ridículo anedotário nacional.
Porque os trabalhos desta natureza estão naturalmente condicionados pela compreensível limitação do espaço disponível, sendo os factos atrás referidos tantos e tão variados, que seria totalmente impossível referi-los todos, pelo ineditismo, pela fundamentação ridícula que a suportou, ignorando o risco de ser envolvido no tereno movediço da perigosa conotação com a promiscuidade entre a política e o futebol, todos tão hipócritas a condenar como pressurosos a aproveitar-se dela.
Pelo impacto que teve na opinião pública não posso nem quero passar ao lado da triste figura, ( e isto para ser parco e brando nas palavras) dada ao país, imagine-se, pela segunda figura do estado, quando apareceu nos canais de televisão em horário nobre a “mandar” tudo e todos para Sevilha apoiar a nossa seleção de futebol, aproveitando esta oportunidade para lhe perguntar se:
- Sabia que já não havia bilhetes disponíveis para o jogo;
- Tinha algum conhecimento da situação da pandemia naquela região de Espanha.
NÃO SE CUIDEM – POMHAM-SE A GEITO E DEPOIS QUEIXEM-SE ! …

Edição
3839

Assinaturas MDB