A opinião de ...

“Villa” romana descoberta em Alfaião

Há uma grande probabilidade de ter sido descoberta uma “villa” romana no âmbito dos trabalhos de prospeção arqueológica levados a cabo no adro da capela da Senhora da Veiga em Alfaião, Bragança.
O sítio arqueológico da Senhora da Veiga encontra-se registado no sistema Endovélico da Direção Geral do Património Cultural com o Código Nacional de Sítio número 17312. No âmbito de um projeto de requalificação do adro da capela, nomeadamente da remodelação de um altar exterior, de apoio às actividades religiosas e festivas que ocorrem anualmente no recinto, foram realizados trabalhos arqueológicos, durante o mês de maio do presente ano, de acordo com a legislação em vigor.
Desde cedo que o sítio da Senhora da Veiga se encontra referenciado como tendo sido ocupado em tempos remotos. Luiz Cardozo, em 1747 no “Diccionário Geográphico de Portugal”, refere a existência de vestígios antigos, tanto no castro próximo como nas zonas no seu entorno e, Francisco de Sande Lemos, em 1993, na sua tese de doutoramento sobre o Povoamento Romano em Trás-os-Montes, refere a provável existência de um sítio de cronologia romana na zona.
Localizado no terraço fluvial da Ribeira do Penacal e na base do povoado fortificado do Cabecinho dos Mouros, numa zona de amplo potencial agrícola, existe notícia de, aquando da lavra dos campos, serem detetados à superfície materiais arqueológicos, tanto de construção, como tégulas, ímbrices e pedras aparelhadas, como cerâmica comum, indicando a presença de uma ocupação romana. Existe, inclusive, o registo do aparecimento de um fragmento de estela funerária romana, em granito, de cabeceira semicircular decorada com uma roda de doze raios curvos. A inscrição está incompleta: ALAO /... I / ... [SOARES, Oliveira dos Reis, 2001], estando a peça depositada no Museu Abade de Baçal, em Bragança.
Na sequência da realização dos trabalhos arqueológicos, foi possível exumar uma grande quantidade de material de construção e espólio cerâmico e vítreo de cronologia romana, assim como descobrir uma série de estruturas pertencentes a um edifício, com pelo menos quatro divisões.
O sítio da Senhora da Veiga poderá reportar-se a uma exploração agrícola, talvez de tipo “villa”, onde habitaria um senhor, a sua família e os seus trabalhadores, embora apenas eventuais futuros trabalhos, mais extensos, possam comprovar esta teoria.
A direção dos trabalhos esteve a cargo da Arqueóloga Mónica Salgado, com a cooperação do Arq. Pedro Pereira.

Edição
3834

Assinaturas MDB