Armando Fernandes

 

 

A bola e a gramática

Segundo o noticiário futebolístico foi aprovada e apresentada uma nova bola destinada às competições da I Liga a qual é colorida e brilhante de modo a refulgir aos olhos dos jogadores e espectadores. Aplaudo a invenção da bola eivada de cromatismo na justa medida de os pontapés na gramática multiplicam-se mesmo no referente a presumidos autores de livros, ainda há dias ouvi um escrevinhador ufanar-se de escrever conforme fala não sendo preciso grandes cuidados no acto da escrita. Disse estas e outras barbaridades no decurso da apresentação de obra alheia. Se o Sr.


O urso e os camursos

Na História da Sociedade Portuguesa no Séc. XV, o historiador Costa Lobo escalpeliza os modos de vida dos cortesãos, dos burgueses e dos patas ao léu estabelecendo as gritantes diferenças e algumas consonâncias das três classes: alto clero e nobreza. Burguesia a emergir e o povo explorado, pobretana e pedinte.


Para lá das eleições, eleições!

No próximo dia 26 vamos escolher os deputados nossos representantes no Parlamento Europeu. É um cargo muito disputado pois rende pingues proventos e mordomias ao modo dos marajás, por isso mesmo, abundam os golpes pela calada e às caras para pertencer à lista em lugar elegível. Além dos deputados formiguinhas, nas listas entram candidatos em fim de carreira política no país de origem ou então os sempre discordantes rodeados de acólitos.


Petas

No primeiro dia de Maio os meninos tentavam causar surpresa aos adultos proferindo petas pobres de engenho, ricas de ingenuidade pueril na tradição das comunidades rurais. No primeiro dia do mês de Maio os meninos trucidavam alegremente castanhas secas (piladas) como poção protectora das mordeduras de burro.


Florações

Um cravo vermelho é o símbolo do dia 25 de Abril, data da instauração da democracia após o consulado autoritário e repressivo do regime corporizado na figura de Salazar, o discípulo Caetano não passou de uma caixa de Bric-a-Brac sem coragem para desmantelar o estado policial, esquecendo os ventos da História respeitantes ao colonialismo acabando no exílio no Brasil.


Moçambique

Há uns anos integrei uma equipa destinada a estudar e propor medidas para a requalificação e transformação cultural da ilha de Moçambique. Antes da partida, no intuito de levantar a ponta do véu sobre a emblemática ilha no quadro das navegações portuguesa retirei da prateleira Mangas Verdes Com Sal e Ilha do Próspero, obras escritas pelo poeta Rui Knopfili por a sua imagética ser luminosa e propiciadora de olhares perturbadores acerca do nosso e do Mundo que nos rodeia.


As guerras televisivas

De tempos a tempos, se bem que em intervalos de intervalos de indignação ou desconchavados, procuro perceber as guerras surdas ou estridentes entre os quatro canais de televisão açambarcadores do grosso dos telespectadores.
Só os distraídos e tontos utilitários é que não notam as transferências de rostos e cérebros num vai vem recheado de rivalidades, contas por ajustar, cartilhas velhas envernizadas como se estivessem a sair do prelo, no encalço da liderança no campeonato de audiências.


Violências

Sem ruído, sem perder a vontade de ouvis e ler, passando a ponte da gritaria, procurando ir ao cerne da questão, vou verificando o efeito da propaganda a impedir a serena análise do saliente, longo e profundo problema das violências em geral, da violência doméstica em particular.


Exército

O escritor galego Álvaro Cunqueiro escreveu ser Bragança a Sedan portuguesa referindo-se à sua imponente cidadela e ponto estratégico militar no Nordeste de Portugal. Tais razões elevaram a urbe bragançana sem altivez mas com ruído de botas cardadas à categoria de cidade militares.


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