Mirandela

Agricultores entregaram documento na Direção Regional a pedir medidas urgentes

Publicado por Fernando Pires em Seg, 2022-06-06 17:08

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) denuncia que o preço cobrado aos consumidores nos produtos agrícolas pela grande distribuição é, “em alguns casos, sete vezes mais do que o que é pago aos agricultores”.

Os números foram avançados por Vítor Rodrigues, dirigente da CNA, numa reunião com a Diretora Regional da Agricultura e Pescas do Norte, em Mirandela, na semana passada, onde marcou presença uma delegação de dirigentes das Organizações de Agricultores e de Comunidades Locais de Baldios da região de Trás-os-Montes e Alto Douro integradas em associações filiadas na CNA.

“Há uma ordem de magnitude da margem que fica na distribuição, e depois no retalho, que é enorme, portanto daquilo que o consumidor paga, às vezes, é uma questão de dez por cento ou menos que chega às mãos dos agricultores”, adiantou aquele dirigente, garantindo que, “apesar de alguns ligeiros aumentos nos preços pagos ao produtor em vários setores, já há muito que foram comidos pelos brutais aumentos dos custos de fatores de produção”.

Vítor Rodrigues avisa que com este estado de coisas, “está em causa a viabilidade de um grande número de explorações” e considera que as medidas de crise que têm sido anunciadas pelo Governo ficam aquém daquilo que é necessário, pelo que o dirigente da CNA revela algumas das medidas que entendem ser necessárias e que estão vertidas no documento apresentado a Carla Alves. “Temos uma proposta concreta que está a ser implementada aqui ao lado em Espanha, que é a criação de legislação que proíba a venda com perdas ao longo de todos os elos da cadeia”.

Outra medida que aquela confederação tem vindo a defender é que os organismos públicos façam as compras no fornecimento local e o estímulo aos circuitos curtos de comercialização, “como forma de contornar a ditadura da grande distribuição”, explicou.

A reunião com a diretora regional de Agricultura e Pescas do Norte abordou também questões mais particulares da região transmontana como por exemplo, a compensação aos produtores de gado pelas perdas devidas a ataques de javalis e de lobos, onde ficaram bem vincadas críticas à atuação do INCF. “Quando se trata dos prejuízos provocados por ataques de lobos, em que arranja sempre maneira de não pagar aos agricultores”, disse.

Outra das questões abordadas foi a reivindicação de eliminação do escalonamento previsto para a pequena agricultura, “tornando possível que todos os pequenos agricultores neste regime recebam 1.250 euros.

As áreas de pastoreio em baldios, os contratos de comodato e a Casa do Douro foram mais alguns dos temas na reunião, mas também a exclusão da apicultura da mais recente medida de apoio anunciada pelo Governo para o setor. “Isso na região de Trás-os-Montes é uma questão bastante importante e, sobretudo, num ano em que os apicultores vão ter uma produção baixa”, considerou o dirigente.

Algumas das reivindicações apresentadas pela CNA à diretora regional de agricultura e Pescas do Norte, numa reunião, em Mirandela.

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