Nordeste Transmontano

Campeã do mundo de tiro aos pratos é de Vinhais e agora aponta aos próximos Jogos Olímpicos

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2021-09-30 09:56

É de Vinhais a mais recente campeã mundial de tiro aos pratos, na variante trap-5 (a mais disputada na nossa região). Chama-se Cidália Fernandes, tem 32 anos e é natural de Vila Verde, no concelho de Vinhais. No domingo sagrou-se campeã mundial de tiro aos pratos, após partir 140 dos 150 pratos em disputa no Campeonato disputado em Granada, Espanha.

“Correu muito bem. Atirámos a 150 pratos os dois dias. Não sabia o resultado até à última pranchada”, recorda.
Cidália Fernandes, que agora mora em Chaves mas trabalha e Vinhais, defendeu as cores do Clube Flaviense de Caça e Pesca Desportiva de Chaves.

A paixão pela caça já começou há mais de uma década, incutida pelo avô, mas só pratica tiro de competição desde 2020.
“A relação mais séria que tive com a caça aconteceu há 11 anos (tinha 20 anos) por influência de dois amigos, comecei por acompanhá-los, umas vezes ajudava com a matilha outras ia de mochileira nas montarias ao javali. Daí a apaixonar por esta atividade cinegética foi um “tirinho”. A paixão pela Natureza, o gosto pelas armas, o convívio, tudo contribuiu para entrar “neste mundo da caça”, recorda.

“É indescritível este sentimento, não é muito fácil descrever por palavras, só quem vive a caça é que vai perceber o que estou a dizer.  Mas sem dúvida o contacto com a natureza, as paisagens e toda aquela atenção que temos que ter aos sons e movimentos, é incrível. Quanto mais pratico mais viciada fico, no bom sentido.

   
Entretanto casei e esta paixão passou a ser partilhada a dois, pois o meu marido também é ele caçador e desta forma ainda é mais emocionante caçar”. revela.

Foi precisamente o marido que lhe incutiu o “bichinho” do tiro aos pratos mas, agora, é dos que mais sofrem.
“Quem é o melhor? Eu fui selecionada para ir ao Mundial, ele não”, diz.

Cidália Fernandes tem consciência, contudo, que são poucas as mulheres a praticar tiro de competição.

“Ainda nos dias de hoje a mulher é uma raridade na atividade cinegética, embora já comecemos aparecer com maior frequência neste reduto de homens. Como todos sabemos, hoje em dia são mais sonoras as vozes contra a caça e os caçadores, associações de defesa da natureza e dos animais, acusam os caçadores de caçar de dizimar as espécies cinegéticas, de matar espécies protegidas, de maltratarem a natureza e os animais, inclusive cães de caça.

Quer queiramos quer não, os homens de uma forma estereotipada são vistos como insensíveis, durões e desrespeitosos com a caça, já nós mulheres, somos vistas como mais sensíveis e mais respeitosas, a partir disto penso que estando as mulheres envolvidas, a caça será vista de outra forma e não da forma como o extremismo animalista está a interpretar esta atividade.

Gostava de deixar aqui dito a quem não está muito por dentro desta atividade, que o prazer da caça não é matar por ódio o animal, mas sim prazer no tiro, tiro esse, que gostamos que seja um tiro certeiro”, frisa.

E tiro certeiro é o que apresenta cada vez mais, sendo que pela primeira vez, no campeonato do mundo conseguiu acertar 25 em 25 (cada pranchada é de 25 pratos).

“Temos cinco posições de tiro, onde efetuamos cinco disparos em posições diferentes, são lançados 25 pratos de uma máquina que se encontra semienterrada a 15 metros de nós atiradores. Os pratos são lançados ao nosso comando, em direções aleatórias e desconhecidas, daí chamar-se Trap (armadilha, em inglês)”, explicou.

No entanto, nos Jogos Olímpicos disputa-se outra variante, Fosso Olímpico, que já começou a experimentar, pois o objetivo é estar presente em Paris’24.

“O próximo passo vai ser lutar para estar nos Jogos”, frisou.

Apesar de ter apenas um ano de carreira, já venceu o Regional Norte e foi duas vezes vice-campeã nacional, tendo vencido a Taça de Portugal.
Em Granada, no Campeonato do Mundo, partiu 140 dos 150 pratos atirados (um novo recorde), deixando a segunda classificada a 11 pratos de distância.

Ficou, ainda, dentro dos 30 primeiros entre os 200 participantes à geral (homens e mulheres).

 

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