MOGADOURO

Desfile etnográfico deixou uma marca assinalável no festival Terra Transmontana (com galeria)

Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2022-07-28 09:56

O desfile etnográfico, incluído no programa das atividades do Festival Terra Transmontana (FTT) que decorreu em Mogadouro, no fim de semana, trouxe às principais ruas desta vila do Planalto Mirandês as profissões, tradições, usos e costumes ancestrais, entre outras recriações que fizeram reviver tempos do passado.

No desfile, segundo dados da autarquia, a entidade promotora do evento, marcaram presença 25 carros alegóricos que foram acompanhados por mais de meio milhar de figurantes de 57 aldeias envolvidas na sua preparação, decoração e descrição das atividades representativas por cada uma das localidades participantes.

A acompanhar o cortejo estiveram gaiteiros tradicionais, jovens pauliteiros (as), Banda Filarmónica dos Bombeiros de Mogadouro e animadores de rua.

Nas ruas de Mogadouro foi possível assistir a artes e ofícios como o ciclo do linho e da lã, a apanha da azeitona, a vindima, o antigo barbeiro e soto, um serão tradicional, as merendas da segada, carpinteiros, serradores e marceneiros, templários, entre uma panóplia de temas escolhidos, a preceito, pelas gentes deste território.

De uma forma bairrista e espontânea, todos os participantes quiseram mostrar aos visitantes o que de melhor tem o concelho de Mogadouro em termos de etnografia e cultura do mundo rural, numa altura em que o assinalam 750 anos de história e da sua Carta de Foral.

O elo de ligação com os visitantes foram os participantes que, trajados com vestes, algumas com dezenas de anos, mostraram um cenário digno de um filme de época.

António Martins, presidente da Junta de Freguesia de Bemposta, uma das participantes no desfile, disse, no final do evento, que o tema escolhido foram “as ceifeiras”, onde foi mostrada a cultura do trigo que abundava neste concelho.

“Quisemos mostrar como se faziam ceifas e a malha do trigo de forma a imortalizar uma tradição antiga da nossa aldeia de forma a deixar cair no esquecimento”, explicou o autarca.

Não fosse Bemposta a terra de uma das mais enigmáticas e ancestrais figuras dos rituais do solstício de inverno, o Chocalheiro, também marcou presença no desfile ao lado outras que são um património valioso desta região.

Já Carlos Figueira, presidente da Junta de Freguesia de Meirinhos, trouxe ao desfile a recriação de um serão transmontano e assim demonstrar o que era uma cozinha regional ou uma taberna tradicional.

“Esta foi uma forma salutar de as aldeias chegarem à vila e demonstrarem o que ainda têm de melhor e dar a conhecer o património”, vincou. 

E com não há festa sem um padre, também o pároco de Mogadouro, Nelson Silva, se juntou à festa e desfilou integrado no grupo de animação de gaiteiros, tocando gaita de foles, um instrumento de que é adepto e cujo gosto herdou do seu avô.

“É bom dar vida ao centro histórico de Mogadouro, porque é o coração desta terra. Recordar as tradições e ver várias gerações envolvidas nestas recriações é sempre salutar e motivo de festa e alegria”, disse o clérigo.

Se o FTT teve o cortejo etnográfico como um dos seus pontos altos, foram milhares de pessoas vindas de todo o lado que passaram pela zona histórica de Mogadouro para se divertirem e apreciar a música a gastronomia entres outras atividades que preencheram três dias de grande animação e convívio, após dois anos de restrições provocadas pela pandemia covid-19.

Com esta iniciativa pretendeu-se também proporcionar oportunidades de mostra e comercialização de produtos locais, com diversas tendas e bancas de expositores, numa zona da vila que vai perdendo habitantes.

Durante o FTT os moradores da zona histórica da vila de Mogadouro abriram as portas das suas casas transformando-as em "verdadeiros" espaços gastronómicos.

Sérgio Barranco foi um dos muitos que apostou e transformou o jardim da sua casa no “Palheiro da Vila” num espaço gastronómico, por onde passaram pessoas de vários pontos do país, com sua tradicional caneca para desgostarem um belo petisco ou beber uma bebida fresca, já que o tempo estava quente.

“Verifiquei uma adesão muito grande de visitantes e esta envolvência da zona histórica é realmente única em Mogadouro. As pessoas que passam por nós são realmente, únicas e fico muito feliz porque sou de Mogadouro e gosto de receber bem as pessoas”, enfatizou.

Já em jeito de balanço, o presidente da câmara de Mogadouro, António Pimentel, disse que era um cidadão de coração cheio.

“Não só o desfile etnográfico, que foi notável, com uma participação extraordinária e com uma qualidade ímpar, onde foi percetível uma grande admiração dos mogadourenses e visitantes, quando o desfile passava em cada uma das ruas da vila”, destacou o autarca.

O FTT é, para António Pimentel, uma das iniciativas que vão continuar, apesar de sofrer alguns ajustes e melhoramentos.

“Algumas falhas que possam haver e por nós percecionadas, vamos melhorá-las. Contudo, foi um festival que trouxe muita gente a Mogadouro. Foi um festival que trouxe diversão. Foi uma iniciativa que dinamizou as atividades económicas do concelho, nomeadamente a restauração, tasquinha ou os produtos endógenos”, indicou António Pimentel.

Se para o autarca havia muita gente de Mogadouro, também foi possível verificar que foram muitas as pessoas das região Norte e Centro e os vizinhos que se deslocaram ao FTT.

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