"Educar através da partilha de princípios e valores é fundamental no futebol de formação"

Em entrevista ao Mensageiro de Bragança, Daniel Romeu explana uma leitura do seu curto, mas auspicioso trajeto como técnico da formação do Futebol Clube Mãe d´Água (FCMA). Aos 26 anos e a cumprir a sua segunda temporada no cargo de treinador de infantis, garante que os sucessos recentes são apenas o reflexo do trabalho diário.

MdB - Daniel Romeu, a equipa de infantis do FCMA ‘A’ apresenta um percurso impressionante ao liderar o Campeonato Distrital de Infantis da AF Bragança com oito vitórias em oito jogos, 68 golos marcados e zero sofridos. Esperava um arranque tão auspicioso?

DR - Desde já, agradecer o convite para conceder esta entrevista. É sempre uma honra. Em relação ao percurso que estamos a fazer, são apenas números. É um indicador muito positivo, mas a equipa não vive disso. O talento que eles têm ajuda a explicar muito desses números, mas estamos apenas a trilhar o nosso caminho com a máxima dedicação, compromisso e humildade. Sinto a equipa focada e dedicada em aprender e melhorar em cada treino e em cada jogo e isso é fundamental. O que vem depois é reflexo disso mesmo.

MdB - Na temporada anterior, garantiu o primeiro troféu como técnico da formação ao vencer a Taça de Encerramento pelo FCMA ‘A’. Como foi essa experiência?

DR - Foi uma experiência enriquecedora a todos os níveis. Pelo troféu obviamente, mas acima de tudo porque se criou um grupo fantástico. Hoje tenho no plantel alguns desses atletas, outros subiram de escalão, mas dá-me uma felicidade enorme vê-los ainda com uma forte ligação, comigo inclusive. Esse é o melhor troféu que um treinador, especialmente de formação, pode receber.

MdB - O seu percurso como treinador é recente, como o futebol entrou na sua vida?

DR - Como grande parte das crianças, cresci com uma bola nos pés. Desde os meus 4 anos que o futebol está presente na minha vida. Primeiro como jogador onde guardo com enorme carinho todos esses momentos e agora como treinador. São vivências diferentes, mas sinto que serei melhor treinador do que aquilo que fui como jogador (risos). O futebol corre-me no sangue.

MdB - Recentemente, seis jogadores da sua equipa de infantis foram convocados para a Seleção Distrital Sub-13, conseguindo, inclusive, ajudar na conquista do 3.º lugar do Torneio de Natal ‘Costa Verde’. Esta é, também, uma forma de validar o bom desempenho no campeonato e a qualidade dos jovens jogadores do FCMA?

DR - Penso que não. Quando se fala em Seleção Distrital, fala-se em atletas de clubes de todo o Distrito de Bragança. Esses seis atletas foram chamados com todo o mérito e foram apenas mais seis a contribuir para o 3.º lugar do Torneio. Agora, é óbvio que fico muito feliz pela chamada e por contribuírem para esse lugar. Quando muito, essa validação de que fala não se restringe ao desempenho no campeonato, mas sim pela qualidade dos mesmos. Porque essa é inegável. E neste clube, felizmente há muita qualidade nos mais diversos escalões.

MdB - Quais as principais virtudes que deve apresentar um treinador da formação?

DR - Na minha maneira de ver e sentir o futebol de formação, as características que considero fundamentais são primeiro educar. Educar através da partilha de princípios e valores que os atletas levem para a sua vida pessoal no futuro. Depois, um treinador deve saber transmitir as suas ideias através de uma comunicação clara e objetiva. Por último, mas não menos importante, deve saber motivar os atletas.

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Foto: Guilherme Moutinho