Bragança

Estatuto do cuidador ficou aquém das necessidades

Publicado por AGR em Qui, 2022-07-21 12:08

O estatuto do cuidador, que pretende defender pela lei os interesses daqueles que têm a seu cargo outras pessoas, ficou “aquém das necessidades” e não resolveu vários problemas. Essa foi uma das conclusões do primeiro Encontro de Cuidadores, promovido pela delegação de Bragança da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla e pela associação Humanum Est, no passado sábado.

“Pretendemos marcar uma sessão para o explicar pois percebemos que algumas situações não são entendíveis e isso preocupa-nos. Queremos refletir conjuntamente para perceber de que maneira, como e quando podem usufruir do estatuto. Mas não vem resolver o problema.

Por exemplo, é necessário que o cuidador também esteja incapacitado para poder ter doenças, não poder ir de férias é uma maldade, pois trabalham a tempo inteiro, de dia e de noite. Muitas vezes esquecem-se deles próprios.

É preciso haver ajustes na lei e espaços como este para cuidar de toda a gente que está no sistema familiar do doente”, explicou Ana Denise Morais, diretora técnica da Humanum Est.

José Afonso, da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, sublinhou que “este é um encontro para debate entre cuidadores”. “No fundo, somos todos cuidadores e cuidados. Estou aqui na qualidade de cuidador da minha filha, que tem esclerose múltipla há dez anos. Esta troca de ideias e de experiências é uma mais valia para todos nós porque adquirimos mais conhecimento e ficamos com um know how maior para podermos enfrentar coisas piores.

Com este debate ganhamos mais força e sabemos que não estamos sós”, sublinhou.

Já Ana Pedro, uma das cuidadoras participantes pois tem a seu cargo um filho que está dentro do espetro do autismo, entende que o estatudo do cuidador “não veio resolver muita coisa”.

“No nosso caso, para pedirmos um apoio à Segurança Social para um apoio especializado, primeiro temos de o contratar e só depois pedir o apoio, fazendo prova de que a criança já está a ser acompanhado. Quem não tiver possibilidades financeiras, como faz?”, questiona.

Por outro lado, diz que “este encontro é importante” para os cuidadores não se sentirem sós.

“Quando vamos a um médico, um psicólogo, só se focam neles e nós ficamos para trás. Não entendem que também sofremos e é muito desgastante”, concluiu.
Este encontro reuniu cerca de 30 participantes.

“Poderiam ter sido mais mas muitos não puderam vir pois não têm a quem deixar as pessoas que têm a seu cargo”, sublinhou Ana Denise Morais.

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