A opinião de ...

Pandemia (Covid-19): Confinados até quando?

A situação em que a pandemia colocou a maioria dos países do mundo é grave. Uma afirmação que é bem aceite por quase todas as pessoas. É tempo de nos focarmos mais em formas fundamentadas para resolver o problema do que em estratégias que nos levem a confundir o que temos com o que queremos.
Todos queremos voltar ao trabalho de modo presencial. Todos queremos que as crianças e jovens voltem à escola de modo presencial. Todos queremos saber algo sobre o modo como a pandemia está a evoluir e como se comportará hoje, amanhã e depois de amanhã.
Já fomos considerados os melhores do mundo a lidar com a pandemia, já fomos considerados os piores do mundo. Tiram-se conclusões sobre um concelho, um distrito, uma região, ou sobre o país baseadas em surtos que ocorrem nesta ou naquela instituição. Com tanta informação disponível, tanto conhecimento científico sobre previsões e formas de lidar com incertezas e de tratar a informação, é difícil entender o modo como se está a lidar com os dados sobre a pandemia. As pessoas infetadas são identificadas através da aplicação de um teste “Covid” com resultado positivo, assim, pergunto: como é possível tomar decisões sobre o modo de lidar com a pandemia sem ter presente a relação entre o número de infetados e o número de testes realizados?
Comparar resultados esquecendo os processos realizados na sua obtenção tem pouco sentido. O vírus não para ao fim de semana, e em situações extremas, até é possível admitir que a pandemia acabou, usando como metodologia a não realização de testes.
Aceitando que os testes vão contribuir para confirmar a diminuição do número de pessoas infetadas é urgente começar a apresentar resultados dependentes do número de testes realizados. Em cada contexto onde se queira apreciar a situação da pandemia, é fundamental, escolher amostras aleatórias de pessoas, testar essas pessoas e calcular a frequência relativa de infetados por testes realizados. Só a partir desta operação poderemos afirmar quantos seriam os infetados por 100 pessoas, por 1000 ou por 100 000.
Se queremos desconfinar as escolas selecionem-se, periodicamente, amostras aleatórias de alunos, de professores e dos restantes funcionários, façam-se testes a essas amostras e calcule-se a percentagem de infetados de acordo com o número de testes realizados. Repita-se o processo em outras áreas e setores da sociedade. Assim, o indicador obtido pelo quociente entre o número de infetados e o número de testes realizados, talvez seja um dos mais adequados para se tomarem decisões imparciais, consistentes e duradoiras.

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