A opinião de ...

As bandas filarmónicas… nas festividades!...

 
Terminada a Semana Santa e a Festa da Páscoa, já em plena primavera, com o tempo quente a aproximar-se, começam a surgir os acontecimentos festivos que, com maior o menor impacto, se revestem sempre de animação acrescida, com particular significado no meio rural.
O dia de festa numa aldeia é, talvez, o maior acontecimento social que acontece num burgo e aquele que potencia mais entusiasmo e dinamismo convergente, suscitando uma interatividade diferente do resto do ano. Festa é festa, e pronto!...
Uma das tradições que mais ambiente festivo potencia numa aldeia é, na minha opinião, a presença de uma banda filarmónica.
Recordo-me, quando em criança, de acordar na manhã da festa da aldeia, ao som melodioso da música da banda, percorrendo as ruas e com o estoirar dos foguetes.
A recordação da imagem dos mordomos, à frente da banda, e a garotada atrás da mesma, ainda perdura na minha memória, como perdurará na de muitos “jovens” do meu tempo, e não só.
Confesso que estou ansioso por ver a reação da minha neta, a Ritinha, quando, no próximo dia 15 de Agosto, em Frieira, estiver na varanda da casa da aldeia, ver a banda passar na rua. Acredito que vai ficar eufórica, a transbordar de alegria e simpatia.
Para mim, a banda, é o símbolo da identidade de uma festa de aldeia. Pelo menos no meio onde cresci.
Ainda me recordo, num dos vários anos em que fui um dos responsáveis pela festa da minha aldeia que, por lapso, ficou uma casa/família sem lhe ter sido atribuído um músico, ou seja, em elemento da banda. Era, e continua a ser, tradição, um agregado familiar, ter como hóspede, um músico, pelo menos. A reação não foi, como se depreende, positiva, antes pelo contrário, pois o chefe da família fez questão de mostrar o seu descontentamento. É assim mesmo, o prestígio de uma casa/família da aldeia passa, também, por hospedar um músico no dia festa.
Depois, a Procissão de uma festa sem a solenidade do acompanhamento de uma banda filarmónica, não é, para mim, a mesma coisa. A presença da banda confere uma outra dignidade a este ato religioso, até para promover a concentração dos fiéis que, muitas vezes, sem algo que motive a concentração, perdem até a noção do contexto e o respeito pelo sagrado, conversando como se numa tertúlia de café estivessem. O respeito e o silêncio, devem imperar, religiosamente, na manifestação de fé de numa Procissão.
Depois, após as celebrações religiosas, que devem constituir a parte mais importante das festividades, é tão agradável ouvir, junto à capela, ou ao adro da igreja, umas “penadas”, como o meu pai dizia, e, felizmente ainda diz, da banda. Até dá a ideia que o som da música prolonga o efeito do bem-estar inerente à participação na Eucaristia!...
Não pode ser esquecida, também, a cerimónia da Entrega da Festa aos novos mordomos, com a banda a percorrer, de novo, as ruas da aldeia, como que a jeito de despedida. Um cenário de pura tradição rural, sem igual, que promove e potencia a interação positiva e a harmonia.
Percebo que os tempos mudam e as realidades e as vontades são outras, mas continuo a guardar na memória os arraiais festivos, com a banda a tocar à noite, à luz dos candeeiros, a petróleo, ou mesmo à das fracas lâmpadas elétricas alimentadas por gerador, cujo motor que o movia, por vezes, avariava.
Enfim, foram tempos que não voltam, mas espero e desejo que a banda filarmónica volte, todos os anos, à festa da minha aldeia, tal como eu pretendo voltar enquanto puder, já que até agora, marquei sempre presença com alegria e bem-estar.
Para terminar, aproveitando o contexto, gostava de endereçar o meus parabéns a todas as pessoas que contribuem para manter vivas as nossas bandas filarmónicas e a todas as comissões de festas que apostam na contratação das mesmas, contribuindo, assim, para o desenvolvimento cultural das nossa

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