José Mário Leite

TAVARES, O ABADE DE CARVIÇAIS

Sempre me causou alguma impressão que o padre Francisco Manuel Alves fosse conhecido como o Abade de Baçal e, por equidade de tratamento, não se usasse a mesma “regra” para reconhecer o padre José Augusto Tavares, como o Abade de Carviçais.
Poderá argumentar-se que é apenas uma questão onomástica, mas, mesmo que o fosse, em boa verdade, esta questão há-de ter alguma influência na opinião pública onde, nos tempos correntes, deve assentar base a deliberação do poder público ou equiparado.


CARLES O CATALÃO

Os que defendem a independência da Catalunha, poderão ser motivados por uma de duas razões. Por uma convicção e desejo genuíno de libertação da suposta dominação castelhana ou por uma questão económica, como muitos garantem ser o verdadeiro motor do movimento separatista. Se for a segunda é uma motivação menor, pouco digna e de fraca sustentabilidade. Nenhuma região é uma ilha e, nos tempos globais que correm, nenhum progresso pode ser atingido de forma isolada. O fulgurante desenvolvimento da província espanhola e o seu sucesso baseia-se em estruturas cuja mobilidade é cada vez maior.


O BONÉ

Não há forma de nos ausentarmos deste pesadelo gigantesco, comum e colossal, que nos entra casa dentro desde o último fim de semana. Quando ao outono cumpria, como em anos anteriores, prometer castanhas assadas, vinho novo, chuva e frio, este ano, este clima madrasto e outras forças diabólicas que uns clamam serem naturais, outros garantem de origem criminosa, trouxe-nos um cenário dantesco de fogo, destruição e morte. São muitos e dolorosos os testemunhos que a televisão nos mostra diária e continuamente.


Barcelona

A quem percorreu, em cálida tarde estival as cosmopolitas  e acolhedoras Ramblas de Barcelona não lhe é fácil imaginar o drama que ali se viveu, recentemente, por causa do cobarde atentado levado a cabo por radicais islâmicos. Mas igualmente custa imaginar a possibilidade de, no mesmo local, cidadãos pacíficos que, ordeiramente pretendiam expressar a sua opinião sobre uma situação que a eles, mais do que a ninguém interessa e diz respeito.


SEM QUALQUER RAZÃO DE QUEIXA

Numa rua estreita, íngreme, de sentido único e com os passeios em socalcos, fazendo-me lembrar a rua Serpa Pinto, em Bragança, subindo para o Castelo, há um pequeno restaurante que dá pelo nome Osteria da Dré. A maioria dos restaurantes de Arona ficam na baixa da vila, mesmo ao lado do Lago Magiore. Apesar da chuva de verão, miudinha e teimosa, estavam completamente cheios, não só no tradicionalmente exíguo espaço interior como igualmente nas esplanadas devidamente protegidas por guarda-sóis e pérgolas.


O TEXTO E O CONTEXTO

Ricardo Araújo Pereira fez uma excelente rábula acerca do alarido que se gerou à volta de uma notícia trazida à praça pública, salvo erro, pelo Jornal O Público sobre uns Blocos de Atividades editados pela Porto Editora e que seriam discriminatórios. Insurge-se o humorista e bem pelo facto de que a suposta análise do autor da notícia e de todas as restantes notícias e indignações se basearem em apenas duas páginas em que, reconhecidamente, um exercício para meninos seria de dificuldade superior ao equivalente no Bloco destinado às meninas.


DEMOCRACIA, DEMOCRACIA

Os principais concorrentes à Câmara de Oeiras, a fazer fé nos analistas melhor informados serão Paulo Vistas e Isaltino de Morais. O juizo pessoal que tenho sobre cada um deles é irrelevante. Institucionalmente tive com ambos, na sua qualidade de Presidente de Câmara, um relacionamento sem qualquer reparo. Não sendo eleitor em Oeiras, o resultado da disputa de 1 de outubro é-me, praticamente, indiferente. Contudo o processo em si não. Enquanto cidadão fico perplexo com a notícia da recusa da lista do Movimento Independente, Inovar Oeiras de Volta encabeçado pelo ex-presidente de Câmara.


OS ABUTRES E OS FALCÕES

Voam alto e em círculos. Podem, ao longe, ser confundidos com falcões. Não são. Os falcões são animais nobres que recusam a necrofagia. Ao contrário dos abutres que quando aparecem a pairar, são indicadores de mau presságio. “Há morte por aí. Já anda um abutre às voltas lá em cima”. Atrás desse vem outro. Outros mais se lhes juntam em voo cada vez mais apertado e mais próximo do solo. Num ápice,  aos saltos, entreolhando-se, vigiando-se mutuamente, espreitam a melhor altura para cravar as garras e rasgar as carnes mortas e inanimadas com o forte bico adunco.


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