A opinião de ...

Alcançar a felicidade

esperança de que a felicidade vai chegar um dia, não haverá caminho, por mais difícil de percorrer, que não pareça amaciar os perigos que nele nos espreitam. E então, sem desistirmos, iremos, pouco a pouco, encurtar a lonjura que nos separa desse bem-estar, tal como o caminhante que, perdido na escuridão, retoma as forças e se sente reviver, quando ao longe, avista um pontinho de luz que, mesmo a lucilar, lhe leva a certeza de que segue pelo caminho certo. E porque segue pelo caminho certo, vai antecipar e gozar o conforto e a alegria de que irá desfrutar, quando alcançar o objetivo que definiu. É então, esta conquista que nos leva a colocar o problema de como deveremos manter a felicidade que, com tanto custo, se alcançou.
Se nos sentirmos tranquilos e vivermos com saudável alegria; se tivermos o emprego que nos permita afrontar a fome e providenciar pelas nossas necessidades materiais e espirituais; se vivermos de acordo com a verdade, (sem ódio, sem ira e sem inveja); se dermos valor ao tempo e gozarmos de boa saúde; se estivermos rodeados pela família e pela sociedade a que pertencemos, sem que existam graves dissensões, e possamos contribuir com a nossa influência para que mesmo outras não aconteçam; se dermos valor à solidariedade, enquanto vislumbrarmos, embora ainda muito longe, um mundo de paz e também solidário; teremos mesmo a obrigação de conservar e dar visibilidade cada vez maior à felicidade encontrada.
Para isso, penso que deveremos chamar a nós a justiça e a honestidade, a perseverança, a constância e a firmeza, que nos hão de dar os meios necessários para gozarmos a permanência em nós daquela sempre ambicionada situação, pondo de parte e minimizando o egoísmo que tantas vezes impede que consigamos ver mais além, para conhecermos e compreendermos as necessidades dos outros.
Tal como o alpinista, cujo objetivo é alcançar o cume do monte, se prepara até ao pormenor, para conseguir levar por diante uma tão difícil quanto perigosa tarefa, também nós deveremos lançar mão de quanto nos possa servir para que, se nos sentirmos impreparados e assim expostos ao perigo, não acabemos por desistir.
Isto envolve algum sacrifício e, por vezes, o suportar a dor dos abrolhos e dos espinhos – condição esta que parece não ser bem aceite por muitos, ao preferirem acolher com mais facilidade o que lhes é oferecido de imediato, sem que se tenham esforçado por merecê-lo, e cuja fatuidade provoca a desilusão e a necessidade de percorrer caminhos, cada vez mais difíceis e obscuros, os quais levam a perder amizades e a gerar hostilidades e insatisfações que vão perdurando…
Por isso, creio que poderei afirmar que só conseguem atingir o cimo do monte aqueles que, mesmo feridos, não desistem.

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3828

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