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Obras na Igreja [10] O presbitério faz-se na fraternidade sacerdotal com humildade

Entre outros, o termo PRESBITÉRIO assume dois significados importantes: o conjunto de sacerdotes que cooperam com o bispo e entre si e, o lugar do altar-mor na igreja [1].
O conjunto de presbíteros ordenados como colaboradores do bispo, na pastoral da diocese, unidos entre si por particulares vínculos de caridade apostólica, de ministério e, de fraternidade [LG 28, PO 8], constituem o presbitério que se reúne, de modo particular, em diferentes efemérides, para a Missa Crismal, as Vésperas da Páscoa, ou outras celebrações presididas pelo pastor diocesano, tais como as ordenações, ou na dedicação de uma igreja. O presbitério assinala particularmente a imagem teológica e vivencial da comunidade eclesial, sob a presidência do bispo, rodeado dos seus presbíteros [SC 41] [2].
Do lugar do presbitério na igreja destaca-se o altar, que representa Cristo sacerdote e expressa a missão de santificar; a cadeira [sede] que representa a Cristo pastor e a missão do serviço da presidência litúrgica e da caridade; e o ambão, de onde se fazem as leituras, que representa a Cristo profeta e a missão de anunciar o Evangelho e o ensino da fé. O presbitério deve ser espaçoso para que possa celebrar comodamente e distinguir-se adequadamente da nave da Igreja, seja pela elevação, ou pela sua estrutura e ornamento especial [IGMR 258; IO 91].
Nos estilos românico e gótico, a nave une-se ao presbitério, também designada capela absidal, pelo arco triunfal. O Abade de Baçal descreve-nos pormenorizadamente um que classifica de «muitíssimo interessante», o da Igreja Matriz de Santo Estêvão, em Espinhosela, Bragança, que só por si merece uma visita [3].
Nave e presbitério formam um espaço unitário, no qual não se divide a assembleia em lugares separados ou diferenciados [4]. Se a arquitetura não concebe o presbitério isolado da nave, assim também não se entende o presbitério sem o povo de Deus, e este sem o bispo. Os presbíteros são tirados do povo para o servir, não cada qual por si, mas em união com o bispo, o irmão mais velho e o “pai fecundo” que os encoraja nestes tempos difíceis, que os estimula e apoia no caminho [5].
Se o presbitério, lugar físico na igreja, requer espaço litúrgico para celebrar com comodidade, a fraternidade sacerdotal exige ser um espaço cómodo, de comunhão hierárquica dos fiéis em Cristo e, de diálogo, dos fiéis entre si e destes com a hierarquia. Por isso o presbitério, presbíteros com o bispo, não é uma estrutura granítica que se fez, mas uma estrutura humana que se vai fazendo na fraternidade sacerdotal, com humildade, para harmonizar as estruturas físicas e as pessoas, permitindo assim ver a beleza da Igreja no seu conjunto, na abertura perene à novidade do Espírito.

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3742

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