Feira da Alheira comemora 25 anos de enchido que gera 30 milhões de euros
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A terra da alheira soube aproveitar a fama do seu produto de tal forma que já poucos duvidam que o ex-libris gastronómico de Mirandela é a maior fonte de riqueza do concelho. “É um setor cujo volume de negócios ultrapassa os 30 milhões de euros anuais, conta com 760 postos de trabalho, contribuindo de forma significativa para a economia local e o desenvolvimento da região”, adianta Vítor Correia, vereador do Município mirandelense.
Atualmente, Mirandela possui 12 cozinhas regionais e sete unidades industriais dedicadas à produção de alheiras, sendo cinco delas certificadas com Indicação Geográfica Protegida (IGP), revela a Associação Comercial e Industrial de Mirandela, entidade gestora da Alheira de Mirandela IGP - selo atribuído pela União Europeia, em 2016 – o produto que mais vende em Portugal. Segundo a Tradição e Qualidade, entidade certificadora, em 2024, foram certificadas perto de seis milhões de unidades daquele enchido de fumeiro.
Desde a eleição da Alheira de Mirandela (AM) como uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa, em 2011, a fileira tem crescido a olhos vistos. Segundo números avançados pelas unidades industriais, em 2024, a produção de alheiras terá mesmo ultrapassado os cinco milhões de quilos. “Nós tivemos um aumento de 26 por cento na produção, atingimos a fasquia de um milhão de quilos e foi mesmo o maior aumento que alguma vez tivemos na empresa”, revela Pedro Caldeira, sócio gerente da “Topitéu”, uma das 5 fábricas habilitadas para poder produzir AM certificada.
Este aumento “astronómico” pode estar relacionado com a descida do IVA de 23 para 13 por cento, no início de 2024. “Foi uma boa medida, porque as matérias-primas estavam a seis por cento e depois sermos taxados a 23 por cento, em termos de custo final acabava por ter alguma expressão”, conta.
No entanto, este empresário encontra outra explicação. “É um produto barato e de excelente qualidade, porque um quilo de alheiras pode ser o suficiente para alimentar uma família com cinco pessoas, o que significa um custo aproximado de oito euros”, diz o sócio gerente da empresa que emprega 55 trabalhadores, revelando que uma alheira tradicional “é vendida entre os 4,5 e os 5 euros o quilo, e a IGP pode oscilar entre os 6 e os 6,5 euros”.
A produção anual de alheira IGP já representa 60 por cento. “Acabou por ultrapassar a alheira tradicional”, confirma Pedro Caldeira que vê na certificação uma mais-valia. “Em cada esquina fazia-se uma alheira, agora, apesar de ainda se continuar a fazer, as pessoas são mais exigentes e cada vez mais procuram uma segurança alimentar, e isso é reconhecido pelas fábricas e pelas indústrias que trabalham e que fazem este tipo de produto”, sublinha o sócio gerente da empresa que exporta para mais de uma dezena de países a AM.
Feira da alheira durante 4 dias
De hoje (quinta-feira) até domingo (2 de março), Mirandela será palco da 25ª edição da Feira da Alheira com 100 expositores que inclui diversas atividades: showcookings, degustações, exposições e animação musical com a artista Romana, a 28 de fevereiro, e o espetáculo “Para sempre Marco”, a 1 de março.
Destaque para o II Encontro Cinegético do Município, que reunirá cerca de 500 amantes do mundo da caça, um desfile equestre, um seminário sobre turismo gastronómico, apresentação do Festival Gastronómico TENAZ_ Mirandela na ponta dos dedos, que celebra a cultura e a gastronomia de Trás-os-Montes, centrando-se no conceito de finger food e nos produtos autóctones.
A programação inclui ainda arruadas, Dj’s e atividades ao ar livre.