Entrevista à investigadora e autora Adília Fernandes

Pires Veloso o militar que escolheu o Nordeste como tema de conclusão do curso para ascender a General

Publicado por Glória Lopes em Qua, 2025-02-12 10:07

O novo livro de Adília Fernandes, investigadora e autora natural de Torre de Moncorvo, debruça-se sobre o General Pires Veloso, que fez uma carreira ligada ao Nordeste Transmontano.

P- Quem foi Pires Veloso?

R-Pires Veloso foi um militar exímio e uma das mais notáveis figuras no
quadro de consolidação e valorização da História recente de Portugal,
que podemos fazer recuar às causas que conduziram à Revolução do
25 de Abril.

P- Porque escolheu esta personalidade beirã para tema do novo livro?
R- Surgiu a proposta, por parte da Comissão de Homenagem ao General
Pires Veloso, de desenvolver um estudo que configurasse o seu perfil de
humanista, uma vez que já existiam 3 obras sobre o desempenho militar
e político.

P- Sei que se trata de uma figura que defendeu o Nordeste, que marca
deixou na região?
R- Teve uma intervenção importante no Cachão, defendendo, mesmo, que
outros empreendimentos similares surgissem, por considerar que era um
polo de desenvolvimento de um Nordeste esquecido pelo poder central.
Não evitou o declínio e fecho por razões que atribuiu à ingerência do
Estado, logo após o 25 de Abril.
O Nordeste foi o tema de conclusão do curso para ascender a General.
É um importante documento sobre os mais diversos aspetos. O acidente
de helicóptero impediu-o de viajar aos Estados Unidos, onde contactaria
personalidades e a comunidade portuguesa no sentido de angariar
apoios para investir nesta região.
O Mensageiro de Bragança deu detalhada informação sobre este
interesse do General, divulgando as visitas frequentes e as homenagens
dos transmontanos agradecidos.

P- É importante divulgar estas figuras marcantes, mas que serão pouco
conhecidas dos mais jovens?
R-A história próxima exige colocar os seus protagonistas nos respetivos
desempenhos e contributos para o Portugal democrático que vivemos.
Logo, são necessários mais estudos para o conhecimento adequado
do tempo de grandes mudanças políticas e sociais que nos antecedeu.

P- Foi um livro que implicou muita investigação, que fontes usou?
R-Tive o privilégio de aceder ao Arquivo da Família, a fontes primárias,
maioritariamente assinadas na primeira pessoa. O livro é
profusamente ilustrado com fotografias e documentos, manuscritos e
outros, inéditos. Exigiu-me entrar em matérias que escapam às minhas
áreas de investigação, esforço compensado pelo resultado, traduzido
num saber alargado dos contextos que enquadram esta ilustre
personalidade na defesa dos valores democráticos e dos ideais
humanistas e humanitários.

P- Quantos livros já escreveu?
R- Escrevi onze livros. Apenas dois não versam a História da região
transmontana.

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