A opinião de ...

O equilíbrio e o bom senso

Aproximam-se os últimos dois meses do ano, tradicionalmente de grande carga emotiva entre os fiéis.
Por um lado, a solenidade dos Fiéis Defuntos e o dia de Todos os Santos mexem com o equilíbrio de quem perdeu entes queridos e aproveita estes dias para um suplementar reavivar de memória - porque estas coisas nunca se esquecem.
Por outro lado, em dezembro assinala-se o nascimento de Jesus, no Natal. Uma data tradicionalmente de reunião familiar.
Ora, estas datas coincidem com o que se prevê ser o pico potencial de transmissões do novo coronavírus. Daí que paire já o espetro de cancelamento destas duas celebrações.
A Conferência Episcopal Portuguesa alertou para a necessidade de , também neste aspeto, as autoridades manterem o "equilíbrio", até pela forma como mexem com a parte emocional dos cidadãos.
" É certo que não depende da Igreja a gestão da grande maioria dos cemitérios nacionais. Confiamos, porém, que as autarquias e entidades que os tutelam saberão interpretar as exigências do bem comum encontrando um justo, mas difícil equilíbrio entre os imperativos de proteger a saúde pública e o respeito pelos direitos dos cidadãos. Porque não se adoece apenas de COVID-19. A impossibilidade de exprimir de forma sensível e concreta saudades e afetos também é causa de sofrimento e de doença, por vezes grave e até mortal", alertaram os bispos.
"Dado o estado atual da pandemia, é sensato que se imponham medidas suplementares de proteção, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e o controlo do número de visitantes, em simultâneo, estabelecendo um limite máximo, conforme a dimensão dos espaços. Mas não seria apropriado o encerramento completo dos cemitérios. Tenha-se em conta que a emergência sanitária já dura desde março e que muitas famílias enlutadas neste período nem sequer puderam acompanhar adequadamente os seus entes queridos em exéquias muitas vezes celebradas, como diz o Papa Francisco, de um modo que fere a alma", lê-se.
O documeto dos bispos portugueses refere, ainda, que "as celebrações terão lugar nas igrejas e noutros espaços utilizados para o efeito nestes tempos de emergência, cumprindo as regras já estabelecidas". "Porventura, poderá aumentar-se a sua oferta, sobretudo no dia 2 de novembro, em horários que sejam mais convenientes à comunidade. Para diminuir ocasiões de maior aglomeração de pessoas, recomendamos aos párocos que considerem nestes dias, em coordenação com as autoridades locais, a possibilidade de celebrar a Eucaristia nos cemitérios. Quanto às romagens que é costume realizar nos cemitérios em sufrágio dos Fiéis Defuntos, sugerimos que se façam com acompanhamento mínimo, respeitando sempre as normas de segurança e de saúde", lê-se, ainda, no documento divulgado pela CEP.
A Igreja apela, também, aos fiéis que "que transfigurem a saudade e o luto próprio destes dias com a luz pascal que Jesus Cristo Ressuscitado acendeu para sempre em nossos corações".

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3803

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