A opinião de ...

Europa

A verdade é como o azeite. Por isso se temos um copo com água e com azeite de nada adianta tentar misturá-los, agitando-os, quando o esforço misturador cessar eles ali ficarão, separados, a água em baixo, o azeite em cima. Por isso melhor é deixar as coisas como estão. Ao ver a verdade, reconhecê-la e admiti-la. Ora no que respeita à Europa, a verdade é uma e não há como tentar ocultá-la: a lista do partido socialista para o Parlamento Europeu é boa! Melhor, garantidamente, que a da coligação PSD/CDS. O facto de a primeira ser genuinamente paritária confere-lhe, de imediato uma significativa vantagem. Se a avaliação do cabeça de lista de cada uma delas não oferecerá a um observador suficientemente distanciado, uma escolha clara ou uma classificação reconhecida de mérito de uma lista sobre a outra (a minha preferência para o Paulo Rangel devida, com certeza à minha filiação partidária, não diminui a grande admiração por Francisco Assis e esse facto confirma, a meu ver, o que atrás disse) já ao descermos ao segundo lugar da lista a diferença é esmagadora com uma vantagem esmagadora para os socialistas!
 
Maria João Rodrigues é uma personalidade com um reconhecimento internacional enorme fruto do seu talento e da forma como  tem rentabilizado em prol das questões europeias e dos cidadãos deste nosso espaço comum. Tive o previlégio de, recentemente a ouvir, ainda antes da sua indigitação para o Parlamento Europeu, como líder de um grupo de reflexão “New Pact for Europe” promovido pela Fundação Rei Balduíno, pela Fundação Bertelsmann e Fundação Gulbenkian, entre outras. A sua eleição certa para o Parlamento é a garantia de que os problemas que a este nível nos afligem serão abordados e discutidos de forma séria, competente e eficiente. Os temas que a professora universitária trouxe à discussão, as alternativas que hoje seriamente se nos colocam para o futuro comum, as personalidades e instituições que tem conseguido arregimentar e a forma como apresenta e recolhe os contributos de elevadíssimo valor acresentado dão-nos uma certeza e uma esperança que vão muito para além de simples opções doutrinárias, políticas e partidárias. São de tal forma relevantes que valem bem a pena serem consideradas de per si numa crónica a publicar brevemente, de forma autónoma.
 
Voltando à lista, a supremacia dos socialistas continua nos dois elementos seguintes cuja capacidade, qualidade e competência são sobejamente conhecidas e só má fé ou grande deformação partidária poderia deixar de reconhecer.
 
Não colhe o argumento dos que clamam que a lista é uma cedência ao socratismo. Sem querer alinhar pelos que garantem ser isso um defeito (supostamente na voz destes o passismo seria uma virtude o que não está, de forma nenhuma provado!) não me parece cedência nenhuma colocar o braço direito de José Sócrates em sétimo lugar. Bem pelo contrário: a inclusão de Pedro Silva Pereira em  lugar elegível é a prova de pluralismo de qualidade. Lembro-me de ter várias vezes afirmado que não me revia (nem revejo) na esmagadora maioria das posições de Francisco Louçã mas se do meu voto apenas dependesse a sua eleição para o Parlamento, eu não hesitaria em dar-lho. Hoje que voluntariamente se afastou da Assembleia da República todos reconhecerão que a sua falta se faz notar. O hemiciclo está seguramente mais pobre e discussões parlamentares muito menos interessantes com prejuízo para a democracia. Estou certo que o mesmo se passará com as prestações europeia do antigo ministro da presidência.
 

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